O post anterior, andou da direita para a esquerda neste meu blog e eu nunca soube exactamente onde o colocar, ou como estabelecer as ligações correctas. Tive 7 dias sem postes novos, tal como era estipulado no acordo da "Vergonha da Humanidade".
Apesar de concordar na integra com a campanha, acho que ainda não disse tudo sobre as baleias, especialmente as da minha terra, e resolvi continuar com este novo post a Campanha anterior, com outra lógica, explicando o que é uma baleia para um açoriano e porque razão ele a defende.
Peço-lhe que adira à Campanha do post seguinte, se ainda não o fez.
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O que é para nós Açorianos, uma baleia.
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- Baleia à vista.
- Baleia à vista. Gritava o Vigia da Baleia do seu posto, numa das muitas Vilas piscatórias Açorianas quando avistava, à vista desarmada, aquilo que lhe parecia ser o repuxo de um cachalote próximo de terra.
O Vigia da Baleia tinha uma janela privilegiada sobre o Atlântico. Cabia-lhe observar e descortinar todo e qualquer movimento naquele quadrante de mar, onde catava diariamente o pão para as suas gentes. Da sua visão dependia a sobrevivência de famílias inteiras, que as ilhas não conseguiam alimentar.
Nessas ilhas, os Invernos eram húmidos e frios, as plantas endémicas, embora bonitas, não serviam para comer, e a agricultura não se praticava porque parecia que a chuva constante daria para encher outro mundo de água, como acontecera nos tempos bíblicos de Noé.
Madeira seca não existia nas ilhas para aquecer os pobres mesmo em vésperas de Natal, e as dificuldades eram tantas, que até os mais crentes acreditavam que Deus se tinha esquecido deste “Cantinho do Céu”.
Uma baleia era o sustento de toda uma Vila.
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A carne era salgada, para nos garantir o alento e o sustento nos períodos mais difíceis. A gordura de baleia era o petróleo dos ilhéus perdidos do mundo, era a luz dos nossos olhos ao anoitecer.
Vivíamos simplesmente assim.
Nesta terra, nunca se apanhou mais do que uma dúzia de baleias por ano. A baleia foi sempre a amiga que nos permitiu que aqui ficássemos e com a sua vida nos permitiu que nos alimentássemos.
Os homens desta terra quando ouviam “Baleia à Vista”, “Baleia à Vista”, mergulhavam num bote a remos, deslizavam por vezes nas águas tumultuosas do Atlântico, como quem dança “balet” sobre um silvado bravo, para medir e avaliar o cachalote que da sua ilha se quisera aproximar, como que para oferecer-se em sacrifício. O dilema automaticamente surgia: É grande ou pequena? Apanhamo-la ou não?
Nesse tempo, algum tempo antes da canção do Roberto Carlos, havia muitas baleias a cruzar os Oceanos. Para nós só algumas interessavam: as maduras.
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Hoje em dia, arrojam à costa das nossas ilhas quase tantas baleias como aquelas que caçávamos. Deixámo-las de comer, porque fomos considerados assassinos de baleias, e passámos então a autopsiá-las. Esta nova função de médico legista, investigador e cangalheiro, é mais bem vista aos olhos do mundo. Podemos afirmar que não há arrojo, nem vontade que se entenda, para que as baleias se atirem contra as nossas rochas. Continuamos sem perceber porque razão o fazem. Entristecemo-nos quando as nossas amigas baleias se arrojam contra a costa. Investigamos porque se suicidam as baleias. Não as matamos para as investigar.
Antes de sermos apelidados de assassinos de baleias, por gentes dos mares do Norte que caçavam centenas delas por dia, até os dentes e os ossos lhes guardávamos. Pintávamo-los, não como trofeu, mas como endeusamento da sua espécie.
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Gravávamo-nos conjuntamente com a baleia e a ilha, porque sentíamos que estávamos todos juntos nessa grande encruzilhada da vida. Por vezes a baleia era muito maior do que a ilha, porque possuía um maior coração: "ofertava-se". Conhecíamos tão bem o seu corpo, tal como conhecemos os das nossas mulheres ou dos filhos que criamos.
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Por isso confundimo-la, e fundimo-la com o símbolo da nossa Região:
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Por mais que nos copiem os hábitos, só aqui nesta terra, faz sentido desenhar touros nos dentes de baleias. Só aqui faz sentido preservar a fauna e a flora nos dentes das baleias.
Hoje, já não se morre se não se comer carne de baleia, mas a baleia mesmo assim continua a alimentar-nos, a carne e o espírito.
O Vigia da Baleia já tem binóculos para ver melhor o seu quadrante do Atlântico.
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O Vigia da Baleia já não grita: “Baleia à Vista”, “Baleia à Vista”.
O Vigia da Baleia marca no seu telemóvel o número da Agência de Wale Watching e espera que o atendam:
- Sim, tá lá? Daqui o Vigia da Baleia. É para informar que a três léguas da Costa, na direcção da Ponta da Rocha do Morião se encontra uma família de baleias. Têm que se apressar.
Os novos baleeiros deslizam para os botes que mergulham estrondosamente nas águas, numa busca psicótica da família das baleias detectada.
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Os novos baleeiros, vêm da Costa Leste dos Estados Unidos, do Canadá, dos Países Nórdicos, do Japão, e outros que tais, trazendo nos bolsos ainda réstias da herança deixada pelos seus pais e avós, também eles baleeiros profissionais de outras paragens, com outras armas que aqui nunca tivemos. Talvez seja por isso que os cachalotes aqui se refugiaram. Para fugir deles. Mas eles, voltaram. Agora são pacíficos. Esperamos que assim se mantenham, porque quanto a nós, sendo tão poucos, só teremos boa vontade para as defender.
A baleia foi a amiga que nos deu a sua vida para nos alimentar.
A baleia é a amiga que investe no turismo desta região.
Aqui, se calhar, olhamos de forma diferente para as baleias: nunca foi um recurso, foi sempre uma amiga, mesmo quando não tínhamos outra solução senão comê-la.
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Félix Rodrigues
O que é para ti uma baleia?
Qual a frase a ser colocada debaixo de um logotipo de protecção às baleias (sugestão da Azoriana)?
"Estamos contigo, Amiga Baleia!" - Azoriana "Baleia à vista é amiga reencontrada" - Félix
COMUNIKAÇÃO
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Ah ,não me tragam jornais !
nem discursos nem notícias !
nem ciências d’empilhar astros !
Sou filha de todo o mundo
e escrevo versos de rastos !
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E do Espaço comuniko ,
no Espaço digo a meu Pai :
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Tempo nublado no Mundo !
Buenos Aires ,
nenhuma Consolação
Rio ,
1992 , Mar de Junho ,
Nova Iorque ,
Ladrão .
Europa!
Sábado!
Domingo !
A Grande e Monumental Prisão~
no almofariz-atómico da Terra!
No Espaço comuniko :
digo pobre ,
digo rico ,
a calça negra do PIB
o quarko IP : ou seja :
o índice de Poluição ,
o Buraco-Negro ,
a crise do Relâmpago ,
a chuva na Jugoslávia ,
IELTSIN ,
os sete países mais ricos ,
milhares de hectares produzidos
por novos escravos
em novo estilo marquês-de-sade ,
projectado em iates ,
onde cromossomas azuis de fino trato
são exportados diariamente
para a Produção
para a Perfeição-Extrema-do-Corpo ,
para todas as Ideologias de Conforto ,
para os eclipses ,
para o Morto ,
para a Notre-Dame-da-Vida ,
para o Catolicismo-do-Ozono ,
para a Comunicabilidade diária ,
para o Esgoto .
para quem sabe no governo traficar
um Kilo de Cocaína ,
um metro de papoilas ,
um carro ,
uma camioneta de moscas ,
um camião de políticos ,
doze facadas ,
embriões humanos in vitro ,
uma colecção de narcóticos ,
um tubo de ensaio de Baleias ,
homens e mulheres irreconhecíveis
e ainda
um museu de Presos trucidados
enquanto uma Laranja adormecida
se penteava .
tudo isto participa
dum meti-cu-lo-sí-ssimo Plano !
tudo isto é o Grande Circo da Propriedade Humana !
tudo isto funciona como um Carnaval avariado
pela Esfinge do Caos ,
pelo código das Esculturas da Noite
que em nome da Santa-Fome
em nome de todo o globo ,
vão construindo
milhões de dormitórios para não-haver-sono ,
supermercados para o Consumidor ,
hipermercados para o Hiperconsumidor ,
cartões de Crédito para o Devedor,
Sistemas telefónicos internos
Para
CO
MU-
NIKAR nenhum fogo
avenidas –sem-ruído para não-ser amor
professores para o não-pensador ,
computadores
para CO
MUNI-
KAR
.
e no centro do globo ,
a Consciência
Cósmica sem ter um lugar !
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E ainda ,
num raio de 70 metros aproximadamente
todas as ruas arborizadas milimetricamente
com moscas voadoras,
árvores de plástico,
varejeiras,
flores,
e
as montanhas
não vão aumentar de preço !
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a cada mugido de uma vaca
é logo separada a Cria !
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e tudo isto ,
pela cor-verde-mar
dos pecados de Roma
e
das Flores putrefactas .
Tudo isto como um jogo de Deus e do Diabo
num supermercado vazio !
Tudo isto porque Adão e Eva
não conhecem a Poesia de Vanguarda !
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Em minha opinião
os Donos do Mundo e os seus Revendedores
alcançaram a graça recebida
pelo espírito do Lodo
no plano astral da Vida .
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mas eu digo :
Nós não somos Gado !
Nós somos Criadores !
e por tal motivo ,
em vez de Pássaros e Ruídos ,
traremos para a Conferência do Mundo
o chão varrido pelos lábios destes Senhores ,
e em nome do Cosmos ,
em nome da essência do Homem ,
da nova Atlântida do mundo ,
semearemos acácias
no
ventre dos meninos !
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Folhearemos mais tarde
o
Álbum da Terra
e
os cinco continentes de ouro
serão
to-
dos
UM !
Links interessantes:
Na Madeira também se caçaram baleias para sustento (Informação recolhida por Nanda).
Uma bofetada sem mão - Face oculta
Os Açores vistos em Under World
TopFive - Green Peace
Baleeiros em terra
Projecto Baleia Franca - Brasil