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2010-02-27

Capela Insular

A cúpula da ilha, prateada de nuvens,
Alberga as casinhas e igrejas de um presépio
Assentes sobre as leivas das pastagens.

Os caminhos de bagacina vermelha,
Imitam o sangue que corre em qualquer artéria.

A ilha está viva, por isso se move.
A ilha está hirta, por isso é santuário.

Depois do Natal, a outra festa é o Carnaval:
Caiem serpentinas dos céus,
Num translúcido diamante
Que produz uma auréola multicolor,
Que impregna a íris
E coroa cabeços dispersos,
Como nos santos de um altar.

O templo, de estilo bucólico,
Tem como acólito,
O homem da ilha:
Católico, com fé em Deus.

Vê-o no sol que espreita timidamente,
Por entre o algodoado das nuvens,
E na saia, azul mariano, do mar.

Félix Rodrigues
Angra do Heroísmo, 24 de Fevereiro de 2010

2010-02-20

Teatro Sempre

A vida é como um texto teatral,
Cada um que a lê,
Encena-a como se fosse original.

O mundo é o cenário,

E nós os personagens,
Vestidos pelo figurino dos tempos.
Félix Rodrigues
Fotografias de Cristina Brum
Angra do Heroísmo, 20 de Fevereiro de 2010

2010-02-14

Assuntos dos Bailinhos e Danças de Carnaval - 2010

-“José do Telhado”
-“Operação Stop 2010”
-“O Casamento do ano”.
-“Titanic dos Açores”
-“Centro de emprego à moderna”.
-“Namoro colorido”.
-“Bad Boys – Os homens ruins”.
-“Doidos à solta”.
-“Autarquias 2010”.
-“O carteiro”.
-“Visita inesperada”.
-“Casos verídicos dos Açores”.
-“Vizinhas em demanda”.
-“Policias em acção”.
-“Uma promessa à Serreta”.
-“Escola de Superior de Ladrões”.
-“Paixões em turbulência”.
-“Uma estranha criança”.
-“Três investigadores”.
-“Malhar em ferro frio”.
-“Super Heróis”.
-“Ernestina ao tacho”.
-“Doença da Tia Xica”.
-“A Cisma é uma doença”.
-“As peripécias de uma função”.
-“Manequim em apuros”.
-“Trabalhar para quê?”.
-“Ídolos da Terceira”.
-“Trair e coçar é só começar”.
-“Turismo de curral”.
-“Verdadeiramente arrependido”.
-“Forcada dos Açores”.
-“Assalto a um banco”.
-“Desejos atribulados”
-“Os amigos do morto”.
-“O assunto tem tema”.
-“Um velho em desespero”.
-“Uma briga no salão”.
-“Todos a bordo”.
-“Doutor Frederico e a sua medicina”.
-“O Casamento do ano”.
-“Terra de palhaços”.
-“Ladrões e confusões”.
-“A tabela dos pecados”.
-“Hino à vida”.
-“Duas indiscretas”.
-“Tourada celestial”.
-“Madrasta de palmo e meio”.
-“Terceira idade activa”.
-“Um dia de escola”.
-“Uma família enfeitiçada”.
-“Os Piratas”.
-“Dança da vida”.
-“Telerural”.
-“Uma estranha criança”.
-“O preto do Jardim já fala”
-“Quem ri por último, ri melhor”.
-“A sepultura 31”.

2010-02-06

Carnaval da Ilha Terceira - 2010

O Carnaval da Terceira,
Com ou sem gripe suína,
Faz-se da mesma maneira,
Contra ele não há vacina.

Por falar em vacina,
Sobe-me a adrenalina,
Quando o nosso Secretário fala.
Diz, sem graça, que aquela gente,
Que caminha muita vez p’ra latrina,
Apanhou com a gripe suína.
Como se a gente fosse porco,
Não tomasse banho muita vez,
Do banho nunca me esqueço,
Tomo sempre um banho por mês!

P’ra ele um bom doente,
Fica muito mais atraente,
Se tiver um bico de pato,
Em regime de internato,
E parecer um ser espacial,
Mesmo fora do Carnaval.

Comprou tantas vacinas,
P’ra dar às criancinhas,
Que até dá p’ra as enxertar,
Em tudo o que encontrar,
Desde as vacas às ovelhinhas.

Outro dia ia eu,
Com um amigo meu,
Numa ponte da via rápida,
A pensar na nossa vida,
Quando uma vaca espirrou,
E, a gripe da vaca passou,
P’ro meu cão que adoeceu.

Era um cão que nunca parava,
E eu bem que desconfiava,
Que ele tinha apanhado a gripe.
Só percebi quando o Filipe,
Que para o meu cão olhava,
Me disse que ele já não ladrava,
E que ele tinha que ir à latrina,
Pois já não se aguentava.

Lá foi o homem a correr,
P’ra aquilo que eu imaginava,
Quando se cruzou com a minha mulher,
Que na pia, a roupa lavava.
Espirrou p’ra cima dela,
Como se fosse uma cadela.
Pensei: O cão está doente,
Pois o Filipe, que é um gajo decente,
Só pode ter a doença do cão,
E com tamanha aflição,
Não viu que era a minha donzela.

Quando a minha mulher se confessava,
Ao padre da freguesia,
Fechava os olhos e espirrava,
Enquanto o padre dormia.
Olhava p’ra ele e dizia,
Que sentia uma agonia,
Que queria, uma vacina,
Sentia-se uma suína.

Desde quando o padre é porco,
Para que numa confissão,
Tivesse pegado à mulher,
Uma grande constipação?
O que é certo é que noutro dia,
Durante um casamento,
O padre cantava e tossia,
Como um galo em sofrimento.

Os noivos foram p’ra casa,
Meteram-se num quarto a dormir,
Ouvia-se gritar e tossir,
E só ao fim de oito dias,
É que puderam sair.
Toda a gente pensou,
Que estivera lá belzebu,
Quando o casal roncou,
A palavra Tamiflu.

Foi por causa da epidemia,
Que não saí num bailhinho,
Pois enquanto ensaiava e ria,
A gripe entrou de mansinho.
Apanhou-me o pé direito,
Depois a ponta de um dedo,
Foi levando tudo a eito,
E ficámos sem enredo.

Félix Rodrigues
Angra do Heroísmo, 6 de Fevereiro de 2010