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2010-01-30

A dança da vida

O fogo atreveu-se a dançar com a água.
A água, perplexa, aceitou o convite.
Rodopiaram, circularam, sapatearam,
Sem nunca se tocarem.
Crepitaram, sussurraram, compuseram,
Sem nunca desafinarem.

Sabe a água que não se queima,
E o fogo, que não se alaga.

Proibidos estão de um dia, se apaixonarem.

O tempo, desatinado,
Convidou-me p’ra caminhar.
Saltei, corri, vivi,
Com ele sempre ao meu lado.
Sabe o tempo que não o tenho,
Apenas o acompanho.

Pára o tempo e morro eu,
Como o fogo que ao beijar,
A água com quem dançou,
De repente, se esfumou.

Félix Rodrigues
Ponta Delgada, 29 de Janeiro de 2010.

2010-01-24

Dilemas e Alterações Climáticas


Resulta das conjecturas científicas das “Alterações Climáticas Globais” termos que pensar no modo como vivemos, como seres bioculturais, bem como na existência de outros que ainda não vemos, que ainda não existem, mas que aceitamos que nos prolongam genética e culturalmente.




Angra do Heroísmo, 24 de Janeiro de 2009.

2010-01-16

No Rio

No Rio tudo corre:
Das mãos de Deus, a beleza,
Das mãos do homem, a pobreza.

No Rio tudo fica:
O calor de Janeiro a Dezembro
E a saúdade de tudo o que me lembro.

Se o recorte dos morros tocam os santos,
O serpentear das rias são encantos,
Como a víbora do Paraíso.

Talvez seja por isso,
Que quem comer a maçã,
Viverá em morro, na favela,
Em quadrilha ou em clã,
Enquanto que longe dela,
Viverá o querubim,
No Éden, o jardim.
P’ra manchar a verde esperança,
Ou o azul de criança,
Há bala perdida
E angustia, sentida.

A mim, dá-me p’ra chorar,
Mas ao neguinho, p’ra sonhar.
A mim, dá-me p’ra escrever,
Mas ao menino, p’ra morrer.

No Rio tudo é forte:
A vida e a morte.

Rio de Janeiro, 29 de Novembro de 2009.

2010-01-08

O Matuto

Sob o algodão doce das nuvens,
Nos campos semi-áridos das campinas,
Vive o matuto com os seus bodes.

Vives amigo, como podes,
Sentes amigo, pelas narinas,
O cheiro do que não tens.

À noite, sob a alçada do Lampião,
Ecoa o costurar do bandido,
Numa mata escondido,
Como se o teu chão,
A tua vida,
Não fosse dura ou sofrida.

Félix Rodrigues
Campina Grande-Paraíba, 26 de Novembro de 2009.

2010-01-01

Feliz 2010

Após as vinte e quatro badaladas,
De um ano, as mais expurgadas,
Novas aspirações são solenizadas,
Com estrondos e foguetes,
Fazendo do tempo, marioneta,
Das uvas passadas, joguetes,
Do azul, a cor secreta.

Após vinte e quatro estampidos,
De fogo em labareda e alaridos,
De devaneios interrompidos,
Surge o ano novo mistificado,
Numa teia de diamantes,
Num novo eu, já mudado,
Feliz, como os restantes.


Félix Rodrigues