No Rio
No Rio tudo corre:
Das mãos de Deus, a beleza,
Das mãos do homem, a pobreza.
No Rio tudo fica:
O calor de Janeiro a Dezembro
E a saúdade de tudo o que me lembro.
Se o recorte dos morros tocam os santos,
O serpentear das rias são encantos,
Como a víbora do Paraíso.
Talvez seja por isso,
Que quem comer a maçã,
Viverá em morro, na favela,
Em quadrilha ou em clã,
Enquanto que longe dela,
Viverá o querubim,
No Éden, o jardim.
P’ra manchar a verde esperança,
Ou o azul de criança,
Há bala perdida
E angustia, sentida.
A mim, dá-me p’ra chorar,
Mas ao neguinho, p’ra sonhar.
A mim, dá-me p’ra escrever,
Mas ao menino, p’ra morrer.
No Rio tudo é forte:
A vida e a morte.
Das mãos de Deus, a beleza,
Das mãos do homem, a pobreza.
No Rio tudo fica:
O calor de Janeiro a Dezembro
E a saúdade de tudo o que me lembro.
Se o recorte dos morros tocam os santos,
O serpentear das rias são encantos,
Como a víbora do Paraíso.
Talvez seja por isso,
Que quem comer a maçã,
Viverá em morro, na favela,
Em quadrilha ou em clã,
Enquanto que longe dela,
Viverá o querubim,
No Éden, o jardim.
P’ra manchar a verde esperança,
Ou o azul de criança,
Há bala perdida
E angustia, sentida.
A mim, dá-me p’ra chorar,
Mas ao neguinho, p’ra sonhar.
A mim, dá-me p’ra escrever,
Mas ao menino, p’ra morrer.
No Rio tudo é forte:
A vida e a morte.
Rio de Janeiro, 29 de Novembro de 2009.
6 Comments:
Bonito.
Belissimo !!!
No Rio tudo é forte e é sem a menor dúvida a cidade mais linda do mundo, com todos os problemas de uma cidade grande, mas com belezas geográficas que poucas possuem para ofertar. É estonteantemente linda!!! Maravilhosamente grandiosa!!! E de uma generosidade ímpar. Para mim e no meu ponto de vista, há muitas coisas que devoram a cidade do Rio de Janeiro, mas acredito que o maior problema dela hoje, é a violência e essa é causada pelo tráfico e consumo de drogas. Inegavelmente a droga não é um mal que aflige somente os pobres, favelados ou os desprotegidos e esquecidos desse país continental. Muito pelo contrário, mas o preço a ser pago, é dividido injustamente, com todos.
Usam de todos os artifícios para a justificativa do vício - sendo ele diário ou esporádico - mas todos, sem tirar 1, são os construidores da desgraça e violência que assola nosso país, todas as nossas cidades, povoados, vilas, casas ou barracos, até os confins do nosso território nacional. A compra de um simples 'baseado' ou cigarro de maconha, dá ao cidadão comum e de todas as classes, a chance de ser exterminado friamente, resultado esse muito injusto e como consequência inevitavelmente do consumo de drogas, onde o preço é altíssimo e distribuído entre pessoas inocentes que pagam com a vida, por atos de quem se julga acima de qualquer suspeita. Sabemos que drogas, drogados e todas as coisas que rondam o submundo, sempre existiram e existirão, mas quando se trata de um país sem donos, sem direção, sem cultura, sem projetos consistentes e o que é muito pior, SEM FUTURO CERTO, a situação agrava-se substancialmente.
O maior problema do Rio, é por certo o que está contigo do tráfico e seus usuários. Todos os demais problemas surgem como conseqüência. Há ainda a degradação ambiental, gerada pela pobreza e descaso governamental, que num país milionário como o Brasil, não é possível de ser aceito. Tudo vira ‘bolsa’ ou vai parar na ‘mala’!!! Com tanta riqueza sendo desviada, impostos exorbitantes sendo cobrados e tanto dinheiro saindo literalmente pelo LADRÃO, esse Brasil poderia ser o país mais próspero, mais rico, mais organizado e o mais justo, socialmente, mas sofremos de um mal que corrói nossas riquezas materiais e de todas as ordens, que é a corrupção e a ignorância, sendo que uma alimenta a outra e a história é contada em círculos viciosos...
Deixo-te aqui um texto bem interessante.
Beijos, querido Félix!
C®IS
Avatar, artigo de Marcelo Gleiser
"Não temos a opção de ir a outro planeta atrás de recursos que esgotamos"
Marcelo Gleiser é professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor do livro "A Harmonia do Mundo". Artigo publicado na "Folha de SP":
O tão comentado filme de James Cameron, "Avatar", explodiu nas telas terráqueas em dezembro. Parece que já arrecadou mais de US$ 1 bilhão, superando seus enormes custos (US$ 237 milhões na produção e mais US$ 150 milhões de marketing e promoção).
O que se poderia esperar do diretor de "Exterminador do Futuro", "Alien" e "Titanic"? Com certeza, muita ação e efeitos especiais. E uma história que não inspira muito. Pelo menos, essa era a minha expectativa antes de assistir ao filme.
Sem dúvida, ação e efeitos especiais não faltaram. As técnicas de computação gráfica são revolucionárias e iniciam uma nova fase na história da cinematografia. Mas me enganei na história. Extremamente oportuna e necessária, a criação de Cameron faz, de forma muito bela e eficiente, o que milhares de cientistas vêm tentando há anos: mostrar às pessoas os riscos da exploração desordenada das fontes de riqueza de um planeta.
O que se passa em Pandora, um planeta distante (aparentemente uma lua de um planeta gasoso), é uma metáfora para o que acontece aqui na Terra. Alguns podem até afirmar que é óbvia demais, quase trivialmente revivendo os antigos filmes de faroeste.
A diferença é que, agora, os "mocinhos" são os malvados e os "índios" são os bonzinhos. Mas, às vezes, é necessário simplificar a mensagem para que seu conteúdo atinja o objetivo desejado. Kevin Costner fez o mesmo em "Dança com Lobos".
O filme é um dos mais belos que já vi. As árvores majestosas e seus "espíritos", uma representação da hipótese Gaia -segundo a qual a Terra como um todo é um ser vivo- são pura poesia visual. Um paraíso inspirado por visões de uma floresta tropical não tão diferente da nossa Amazônia.
O time corporativo, interessado em explorar a qualquer custo o minério que existe sob as vilas dos Na'Vis-os habitantes azuis de três metros de altura que vivem em completa união com a natureza -representa a cobiça das corporações multinacionais que invadem terras distantes para fazer o mesmo, pouco ligando para as tradições e costumes locais.
O filme me fez pensar nas indústrias farmacêuticas norte-americanas e europeias e seu interesse em extrair conhecimento e riqueza da medicina nativa e da biodiversidade da Amazônia e de outras florestas.
Seguindo a tradição das histórias de extraterrestres, o filme de Cameron usa sua existência como um espelho de nós mesmos, das nossas ações -ou, ao menos, das ações de potências expansionistas- contra os povos nativos. A mesma temática do encontro dos europeus com os nativos das Américas e da África.
A mensagem do filme é simples: se não controlarmos o ritmo em que estamos explorando as riquezas do nosso planeta, em breve não teremos mais o que explorar. Como o zinco, por exemplo, que deve se esgotar em torno de 2040. Outros metais têm o mesmo destino.
No filme, temos a opção de ir a outro planeta encontrar o que não temos aqui. O metal "unobtainium" (que significa "que não pode ser obtido") é uma óbvia metáfora para qualquer preciosidade rara por aqui.
A realidade, infelizmente, é que não temos esse tempo todo. E nem a opção de irmos a um outro planeta. Temos que resolver nossos problemas por aqui mesmo. E o mais rápido possível.
No filme, a natureza, a força vital que move Pandora, junta-se aos nativos e ajuda a derrotar o exército corporativo. Na Terra, estamos sozinhos nessa guerra contra nós mesmos. Como escrevi antes, somos nossos piores inimigos e nossa única esperança. A natureza não vai nos ajudar.
(Folha de SP, 10/1)
Olá amigo, no Rio correm rios de riqueza...Oceanos de pobreza...
Abraço
Cidade maravilhosa cheia de encantos, e de recantos de terror e barabaridade humana.
Tenho muita pena que tão linda cidade seja tb um ponto de narcotrafico, de guerras urbanas e de pobreza.
Enviar um comentário
<< Home