As moedas de 1 euro da Grécia têm cunhada uma Coruja - (
Tyto alba).
Desde tempos remotos, que a coruja é considerada símbolo de sabedoria e clarividência e associada à Deusa grega Atena. No entanto, o seu voo silencioso e fugaz e o seu grito fantasmagórico, levaram à sua associação a diversas lendas e superstições, frequentemente em seu desfavor.
As corujas são aves de rapina, carnívoras, pertencentes à Ordem Strigiformes e distrubuem-se pelas famílias Strigiade e Tytonidae. A coruja-das-torres (
Tyto alba) é, entre as várias espécies, a coruja com maior distribuição mundial, presente também em Portugal. É facilmente reconhecida pela plumagem branca com disco facial em forma de coração, e pela cabeça e dorso de plumagem castanha.
São aves crepusculares e nocturnas, caçadoras eficientes, usando sobretudo seus olhos aguçados, a sua apurada audição e movimentos rápidos. A coruja tem a capacidade de ver uma quantidade de luz cerca de 100 vezes superior à do homem e pode girar a cabeça em até 270°. A coruja é uma ave tímida, atenta e extremamente cuidadosa. O seu voo é incrivelmente silencioso devido à estrutura das suas penas fazendo dela um caçador evoluído. Alimenta-se de pequenos mamíferos, insectos e aranhas. Os apurados sentidos das Corujas-das-torres serviram de modelo a interessantes e inovadores estudos de neurologia, que são descritos no artigo “La chouette qui effraie les neurosciences”.
O chamamento da coruja-das-torres é um piar rouco, que se assemelha ao ruído de pisar vidro partido. Tem outro piar mais agudo e repetitivo para acasalamento e, se surpreendida no seu esconderijo, faz um som sibilante e estalos com o bico ou possivelmente com a língua. As corujas são, em geral animais monogâmicos, e os casais ficam usualmente juntos por toda a vida. O casal é extremamente dedicado às suas crias e não as abandona facilmente!
Tal como no resto da Europa, em Portugal as Corujas-das-torres habitam, preferencialmente, zonas de campos agrícolas, com sebes, taludes e matos. Frequentemente nidificam em construções abandonadas, em chaminés, armazéns ou torres de igrejas, mesmo em cidades de grande dimensão. Noutras situações, frequentam montados e soutos, recorrendo às cavidades das árvores para nidificar.
Apesar da sua elevada distribuição, esta ave encontra-se em vias de extinção devido ao cultivo intensivo dos campos agrícolas, à expansão das cidades e aos caçadores que por gozo ou superstição matam furtivamente corujas em todo o mundo. No nosso país ainda é frequente vê-las tanto no Norte como no Sul do país apesar de terem sido em maior número no passado, sendo ainda hoje personagens de lendas tradicionais portuguesas e de dizeres como “mãe coruja” devido ao amor incondicional pelas suas crias.
A fábula da águia e da Coruja
Conta uma fábula que a coruja encontrou uma águia, e disse-lhe:
- O águia, se vires uns passarinhos muito lindos num ninho, com uns biquinhos muito bem feitos, olha lá não os coma, que são os meus filhos! A águia prometeu-lhe que não os comeria; foi voando e encontrou numa árvore um ninho, e comeu todos filhotes. Quando a coruja chegou e viu que lhe tinham comido os filhos, foi ter com a águia, muito aflita:
- O águia, tu foste-me falsa, porque prometeste-me que não comias meus filhinhos, e mataste-os todos!
Diz a águia:
- Eu encontrei uns pássaros pequenos num ninho, todos depenados, sem bico, e com os olhos tapados, e comi-os; e como tu me disseste que os teus filhos eram muito lindos e tinham os biquinhos bem feitos entendi que não eram esses.
- Pois eram esses mesmos, disse a coruja.
- Pois então queixa-te de ti, que é que me enganaste com a tua cegueira.
Essa fábula é atribuída ao aparecimento da expressão “mãe coruja” pois “quem ama feio, bonito lhe parece”.
Há muita simbologia à volta das Corujas, alguma boa, muita má.