Corrigi alguns defeitos genéticos da espécie humana:
Substituí o gene da arrogância pelo da humildade,
O da indiferença pelo da compaixão
E o da ganância pelo da lembrança.
Penso ter mitigado a guerra e a fome,
O desespero e a desilusão.
Não pretendo uma raça perfeita,
Mas uma espécie sensível, quiçá inteligente,
Capaz de entender que a felicidade reside no todo
E não nos oásis só de alguns.
Tenho preparadas medidas de adaptação para essa nova realidade:
Redes de distribuição de alimentos entre os dois hemisférios,
Linhas de apoio fraterno e anímico,
Um sistema económico de comércio justo
E um sistema de integração das dissemelhanças.
Dizem-me que o clima vai mudar e que tenho que estabelecer novas medidas de mitigação e adaptação.
Será que as primeiras não servem os propósitos das segundas?
Não sou governo, sou governado.
Sou mitigador, não mitigado.
Se o meu comportamento é alterado,
Fi-lo antes de ser legislado.
P’ra seca e p’ra chuva não estou preparado,
Dependo dos outros, mesmo não estando molhado,
Por isso afirmo, não estar adaptado,
O que me deixa, preocupado.