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2008-08-30

Escassez

A escassez,
Quem a fez,
Não teve consciência
Da dependência
Que o homem tem
De um simples bem,
Como a água,
Que sem mágoa,
Primeiro flutua
Depois desagua,
Primeiro no ar,
Depois no mar,
Sem ser captada,
Ou parada,
Pela vontade
De a ter,
Ou necessidade
De a beber.

Se numa seca,
Por desespero,
Um homem chora,
A água jorra,
Através dos olhos
Que a namoram.


Félix Rodrigues


Angra do Heroísmo, 29 de Agosto de 2008

Blogs interessantes com postes sobre escassez de água:
Paradela Valpaços - http://paradelasantiago.blogs.sapo.pt
Blog do Turquinho - http://turcoluis.blogspot.com
Ozônio - http://ozonio1.blogspot.com

2008-08-23

Onda de Calor

O Sol roubou-me um pingo de suor.
O suor levou-me um naco de calor.
O calor tirou uma batida ao meu coração.

Não sou planta nem musgo,
Tampouco lagoa que se seque,
Mas este Sol que me aquece,
Enfraquece,
A química que no corpo acontece.

O Sol pintou-me o torso de negro,
A partir da melanina,
Com recurso à pepsina,
Numa onda de calor, repentina.

Não sou vento nem palmeira,
Tampouco de uvas, parreira,
Para que o Sol, sempre que queira,
Tenha a minha sombra prisioneira.

Faz calor! Aspiro à chuva.
Se chovesse, queria Sol.

O indecoroso da meteorologia,
É dizer que o que se previa,
Provavelmente acontece,
E não se compadece,
Com aquilo que eu queria.

Félix Rodrigues
Angra do Heroísmo, 23 de Agosto de 2008

2008-08-17

Prémio Dardos

Recebi este Award do Blog da Hanah, Art&Ecologia. Este prémio, por tradição, deve seguir para mais 13 Bloguistas, que se pretende homenagear; pela criatividade, inteligência e cultura...

Assim oferece-se a:
Riquezas do mar

2008-08-16

Eclipse Parcial da Lua em Angra do Heroísmo

Foi observado em Angra do Heroísmo, sensivelmente entre as 22:30H e as 22:50H (dia 16 de Agosto de 2008) o último eclipse parcial da lua. Pode ser vista aqui uma simulação do fenómeno.

Neste eclipse lunar, e na melhor posição possível, poder-se-ia observar a ocultação de cerca de 81% da superfície lunar. Nos Açores só foi ocultada perto de 25% da superfície da Lua Cheia.

Simultaneamente foi também observado um halo azul à volta da Lua, aquando do eclipse parcial.

Os halos formam-se entre os 5 e os 10 quilómetros de altitude, na troposfera superior. A forma e a orientação particulares dos cristais aí existentes são responsáveis pelo tipo de halo observado.

Teleológica

Sim. Porque sim.
Não. Porque não.
Eu cá p’ra mim,
Estou cheio de razão.

Salvar o planeta!?
Sim. Porque sim.
Não sou cegueta,
P’ra querer o seu fim.

Desflorestação!?
Não. Porque não.
Jogo pelo seguro,
Aspiro ao futuro.

A minha lógica,
Sendo teleológica,
Tem sentimentos,
Sem pensamentos.

Sim. Porque sim.
Pois sou assim.
Não. Porque não,
Não me faz confusão.

Digo aos meus filhos,
Não. Porque não,
Sem trocadilhos,
Mas com convicção.
Eles que procurem,
A razão do não,
E assim percebem,
A sua função.

Não acreditam
Que eu sendo assim,
Diga sim, porque sim,
Para ganhar alento!?
Sou daqueles que apostam,
Que para entrar em acção,
Ou evitar um evento,
Basta um não. Porque não?,
No exacto momento.
Félix Rodrigues

Angra do Heroísmo, 16 de Agosto de 2008

2008-08-09

Selvagens

-O que guarda uma faroleiro numa ilha deserta?
-As riquezas do mar.
-De que vive este homem quando a saudade aperta?
-Das memórias do lar.

-Com que vidas convive?
-Das aves que voam.
-Como se sobrevive?
-Sem lembranças que doam.

-Com quem dialoga?
-Com a sua consciência.
-E não se interroga?
-Com muita frequência.

-Porque vive assim?
-Pr’a nos dar poder,
A ti e a mim,
No futuro que houver.

Nas ilhas Selvagens
Numa nesga de mar,
As luzes são mensagens,
Do que o mundo legislar.


Félix Rodrigues

Câmara de Lobos, 9 de Maio de 2008.

2008-08-04

Tabela periódica - Elementos vestigiais

Tens vestígios de ouro no teu corpo,
O brilho humilde da prata no teu olhar.
Deixas no ar,
O perfume dos sais do mar,
E debaixo dos teus pés,
As terras-raras leves,
Que suportam a graciosidade,
E a fragilidade,
Daquilo que és.

O carbono precioso do diamante,
Não é comparável,
Ao que esculpe o teu corpo.
Não há estrelas de hidrogénio
Que brilhem como o teu rosto,
Ou oxigénio que dê,
O que se vê:
O ar puro em torno de um sorriso.

Todos os elementos que encontro,
Fazem parte da tabela periódica,
Numa perfeita semiótica,
Do Meu Amor.

Félix Rodrigues
Praia da Vitória, 3 de Agosto, 2008.