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2008-03-27

Fossilizado

Quando abri a garganta da terra,
Encontrei petrificados os ossos que ela tinha engolido.


Lá estava a vida ressequida pelo tempo,
Guardada em cápsulas de calcário fossilífero,
Demonstrando que o carbono é um elemento passageiro.



Cada fóssil é uma extinção,
Cada pedra uma recordação,
Cada achado uma evolução.
Não vi, nem encontrei,
Um simples coração.



Concluí que esse órgão não pode ser petrificado,
Porque foi dimensionado,
Para bater,
Sentir,
Viver,
E morrer.

Se anda empedernido,
Não se conserva,
Nem mesmo a terra,
O engolirá.


Só restará,
Dele fazer bom uso.
Só o achará,
Quem o procurar,
Só o usará,
Quem o encontrar.
Os ossos ficam,
Mas o coração parte.

Félix Rodrigues

Das fossil - trompe l'oeil painted by Gabriel Ozon



I know your name
Still I don’t see your face
Time embrace all the tears from my eyes
I know your name.

I follow the signs,
I follow the road that was mine,
Couldn’t I had no choice,
Just one belong,
I pay the price for freedom.

I follow the signs,
I walk in the dark as was blind,
Lost my soul,
Sold my heart,
Long is so strong,
I paid the price for freedom.

Can’t say my name,
I will be pure in the shame,
There must be a wind in my eyes,
Can’t say my name.

I follow the signs,
I never expect to fly,
In the end I could love,
The place I belong,
Somewhere in my heart,
Feeling so strong,
I find my way to freedom.


2008-03-25

Prémio Arte y Pico

Este blogue foi distinguido com o "Prémio Arte y Pico", pela Rosa Silva, autora do blog «Azoriana».

Agradeço a simpatia e lembrança.

Como normalmente é regra nestas atribuições de distinções, têm-se que nomear outros 5 Blogs que sejam merecedores do prémio pela sua criatividade, desenho, material interessante e referência à comunidade bloguistica, sem importar o seu idioma. Como tal, entrego esta distinção aos seguintes Blogues, os últimos que me visitaram, que revelam tudo isso:

Marakoka da Su

Sala das Fontes da Cidália



2008-03-21

Sacrifício

Quantas Pietás Miguel Ângelo não esculpiu?
Quantas mães sofredoras Correggio não viu?
Quantos corações moles Dali previu?
Quantas Guernicas o mundo permitiu?


Tanto sacrifício! Tanto desperdício!
Como se o primeiro fosse um vício,
E a vida vocação para o suplício.


O Sacrifício é um exemplo,
De doação total,
Que persiste como um templo,
Tornando-a imortal.



A cruz que carregamos,
Só tem peso na infelicidade.
O suplício que passamos,
Somos nós que o causamos.
Todo aquele que encontramos,
Complementa a realidade!?



O tempo vai sarando,
As chagas que abriu.
A mente vai sanando.
A dor que permitiu.


Mas o sacrifício persiste,
Quando a coragem existe.


Félix Rodrigues

2008-03-20

Confutatis Maledictis - Mozart (Sacrum-Profanum Festival) Cracóvia



Confutatis maledictis,
flammis acribus addictis,
voca me cum benedictis.
Oro supplex et acclinis,
cor contritum quasi cinis
gere curam mei finis.

2008-03-16

Leite é transformação

Leite é:
Um prolongamento da maternidade,
Através de uma ama sem qualquer traço genético comum,
Com o ser que amamenta.

Foto de Humberta Lima

Leite é:
Um produto laborado,
No canto de qualquer cerrado,
Por dois seres em simbiose,
Que se juntam por osmose.

Foto de Humberta Lima


Leite é:
O troco de todo o cuidado,
De um animal que foi tratado,
Com carinho e delicadeza,
Concerteza ….

Foto de Humberta Lima

Leite é:
Energia da humanidade,
Alimento de verdade,
Natural ou transformado,
Pelo ser que é alimentado,
Por um animal de estimação,
Que não lhe pede retribuição.


Félix Rodrigues

De acordo com um estudo publicado há algum tempo na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, os seres humanos do neolítico que viviam na Europa não possuíam o gene da lactase no seu ADN, o que sugere que eram intolerantes ao leite. Nesse contexto, beber leite significava aparecimento de inchaços, dores abdominais e diarreia. A lactase é um enzima que catalisa a hidrólise da lactose em glicose e galactose, comum na secreção intestinal de mamíferos jovens e essencial para a digestão do leite. Se actualmente a temos no organismo é porque provavelmente evoluímos em conjunto com os outros animais, principalmente os mamíferos que começamos a explorar, de tal modo que consideramos hoje em dia ser uma deficiência a incapacidade de digerir a lactose. Quer isso dizer também, que apesar do nosso desenvolvimento, ou seja, artificialização, continuamos dependentes de tudo o que nos rodeia. Assim o consumo de leite obrigou-nos a evoluir em termos biológicos e esquecemo-nos por vezes que o animal não é uma máquina, mas sim um ser que nos complementa, daí que a protecção e o bem-estar dos animais sejam essenciais por razões éticas e morais, mas também para a saúde animal e para a qualidade dos alimentos que consumimos.
Na Europa, prevê-se a criação de normas mínimas de protecção do direito dos animais - estendida a várias espécies que até agora não tinham qualquer direito.
O bem-estar animal é sinónimo de bem-estar humano, pelo menos daqueles que lhes prestam tributo pelos bens que recebem.

No Milk Today - Hermits Herman's


No milk today, my love has gone away
The bottle stands for lorn, a symbol of the dawn
No milk today, it seems a common sight
But people passing by don't know the reason why

How could they know just what this message means
The end of my hopes, the end of all my dreams
How could they know the palace there had been
Behind the door where my love reigned as queen

No milk today, it wasn't always so
The company was gay, we'd turn night into day

But all that's left is a place dark and lonely
A terraced house in a mean street back of town
Becomes a shrine when I think of you only
Just two up two down

No milk today, it wasn't always so
The company was gay, we'd turn night into day
As music played the faster did we dance
We felt it both at once, the start of our romance

How could they know just what this message means
The end of my hopes, the end of all my dreams
How could they know a palace there had been
Behind the door where my love reigned as queen.

2008-03-12

50 dicas para enfrentar o aquecimento global

O jogo mudou...A ecologia deixou de ser um assunto restrito a entusiastas e cientistas. O tema, muitas vezes visto como árduo no passado, agora ocupa as manchetes de jornais e, até, as colunas sociais. O que era chato ficou chique.
Para saber mais clique na figura.


2008-03-08

Dia Internacional da Mulher

A Mulher não conquistou um dia, conquista progressivamente o respeito, a dignidade e a igualdade a cada dia que passa.
O género sempre foi discriminador e continuará a sê-lo, e ainda bem que o é, não existe nada de errado nesse facto. As mulheres vêem o mundo diferente dos homens, enriquecem-no com o seu olhar diferente. Também os poetas o fazem e criam beleza no mundo, também os pintores o fazem e dão-nos contornos diferentes, e aí, não interessa o género. Porque razão a mulher não poderá fazer o mesmo sendo simplesmente mulher, do mesmo modo que eu sou simplesmente homem?No ocidente, o feminismo assume-se como um movimento político de mulheres que lutam pela equidade com os homens. Era suposto haver essa necessidade?
Em Portugal o Movimento de Libertação da Mulher inicia-se em 1974 e constitui-se para reclamar o direito à igualdade de oportunidades, sem discriminação de género. Uma sociedade que necessita de um movimento feminista para aprender a respeitar as mulheres encontra-se nos primórdios da sua evolução. No entanto quando essa sociedade evolui, complexada com os erros do passado, sente necessidade de criar um dia da Mulher. Não faz sentido haver dias da mulher ou do homem, quando há equidade. Não faz sentido uma lei de paridade na política, se isso corresponder à vontade de participar ou contribuir para a melhoria da sociedade. Porque não pode haver uma lista só com mulheres, do mesmo modo que até agora a maioria dessas listas eram constituídas por homens? Uma lei de paridade não faz sentido numa sociedade avançada, só é necessária quando essa sociedade percebe que afinal não evoluiu tanto assim. A paridade de géneros é a regra mais comum da natureza. Não há cidades só de homens, nem tão pouco só de mulheres. As amazonas eram um mito e certamente representavam a ânsia do género masculino querer complementar-se com o género feminino. O que é curioso, se essa interpretação for correcta, é que o género masculino precisa de um maior peso do sexo feminino para se sentir completo do que habitualmente o género feminino necessita para se sentir do mesmo modo.
Todavia, há mulheres que continuam a ser mães, educadoras, esposas, conselheiras, operárias, mas não podem ser humanas em plenitude, porque a outra metade do género humano assim o entende. Se é verdade que o género nos divide em dois grupos, porque razão um deles tem mais verdade do que o outro?
Mais de metade do mundo evolui e outra metade estagnou no reconhecimento da equidade entre géneros, talvez por isso ainda faça algum sentido o dia mundial da mulher.
Em metade do mundo, o homem manda e a mulher não se revolta. Valerá a pena criticarmos tal situação? Nem todos os presos gostariam de ser livres, nem toda a sociedade os quer libertar. A mulher só é mulher quando se liberta e o homem só é homem quando a aceita livre como ela deveria ser.
Félix Rodrigues

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Women's Day

2008-03-01

Desenganos

A vida é um perfeito desengano,
Tanto lá está,
Como se foi.
Enganado está,
Quem por certo a dará.
Isso dói.

O amor é um doce desengano,
Tanto há,
Como se destrói.
Enganado está,
Quem julga que o receberá,
Sem o conquistar.
Isso mói.

A inveja é um triste desengano,
Tanto é má,
Que até corrói.
Enganado está,
Quem a constrói.
Isso rói.

O ter é um provável desengano,
Se mundano
Ou ufano.
Enganado está,
Quem o enterra,
Pois não o leva,
P’ro lado de lá.

Félix Rodrigues

Os desenganos levam à desilusão.
Quando deixamos de acreditar naquilo que nos movia, amarguramos. Desengano é fé traída, esperança frustrada, choro interior.
Quase todos somos desenganados pela lógica oportunista dos vendedores de paraísos, mas não está desenganado aquele que nos vende as ideias. Sabe mais do que nós e guarda os segredos para si.
Sabedoria não é sinónimo de esperteza, mas sem a primeira, não conseguimos perceber a segunda.
Num mundo que gira em torno da informação há que sabê-la interpretar porque até a vida pode ser salva desse modo.
De que vale uma informação se não se a valoriza? Quando se afirma que há um risco elevado num comportamento são muitos os que o não vêem e muitos os que o desvalorizam. A informação torna-se ineficaz e a sua interpretação um desengano.
Quem dera termos a clareza para ver o futuro e registar apenas aquilo que interessa. Isso é sabedoria, daquela que a vida ensina, que se aprende com vontade em cada dia que passa. Sabedoria é distinguir informação de entretenimento, comida de um saco de pipocas e lábia de razão.
Engorda-se neste país comendo pipocas à medida que ingerimos a “informação” de um qualquer telejornal. O crime está longe da nossa porta, os problemas no Iraque, as decisões em Nova Iorque ou Bruxelas. Isso é um perfeito desengano! A realidade está dentro de casa, dentro de cada um de nós, e as decisões, também.