A dança da vida
A água, perplexa, aceitou o convite.
Rodopiaram, circularam, sapatearam,
Sem nunca se tocarem.
Crepitaram, sussurraram, compuseram,
Sem nunca desafinarem.
Sabe a água que não se queima,
E o fogo, que não se alaga.
Proibidos estão de um dia, se apaixonarem.
O tempo, desatinado,
Convidou-me p’ra caminhar.
Saltei, corri, vivi,
Com ele sempre ao meu lado.
Sabe o tempo que não o tenho,
Apenas o acompanho.
Pára o tempo e morro eu,
Como o fogo que ao beijar,
A água com quem dançou,
De repente, se esfumou.
Ponta Delgada, 29 de Janeiro de 2010.