Fagotes, flautins e oboés para um concerto subterrâneo
Há silvos, notas e compassos,
Saindo das entranhas da terra,
De clarinetes, flautins e oboés,
Soterrados em pedra pomes do solo,
Pela divindade da pirotecnia.
É um concerto de magia,
De um maestro louco, sem controlo,
Que debaixo dos pés
Os instrumentos soterra,
Como tubos lávicos fastos,
Longe do sentir e ouvir humano.
O tempo e a água são artistas.
Douram grutas vulcânicas,
Prateando abóbodas e paredes,
Misturando-lhe com as sua máguas,
Todos os restos e misérias.
São colónias de bactérias,
Que se instalam nas anáguas,
De grutas lávicas, formando redes.
Brilham no escuro irónicas,
Tornando-se conceptistas,
De um louco agora descoberto.
Félix Rodrigues