Nascimento de uma ilha
Como se do nascimento de um homem se tratasse, a terra acelera a respiração, aumenta as contracções: formam-se os vasos sanguíneos e o sistema respiratório. Enchem-se os primeiros com sangue fervente, e o segundo, com gases oxidados na combustão interna das suas células.
No início é a dor, a desolação e a ausência de forças que impera. Com o passar do tempo, esquece-se a experiência traumatizante porque o que nasceu é belo, vigoroso e arrebatador.
Uma ilha vulcânica é uma filha recém-nascida da mãe terra. Uma ilha que se separou do continente é um filho pródigo que se afastou, mas que um dia retornará.
Félix Rodrigues
Qual é a mais bela manifestação da Mãe Terra?
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Délia elege a vida
Soslayo elege o nascimento de uma ilha
Woodworm elege certamente o mar
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Uma missão científica parte esta semana para confirmar a existência de uma eventual erupção vulcânica submarina detectada por pescadores a cerca de 180 milhas a sudoeste da ilha do Faial, Grupo Central dos Açores.
A coordenadora do Observatório Vulcanológico da Universidade dos Açores, Teresa Ferreira, adiantou hoje que informações prestadas recentemente por pescadores apontam para uma possível erupção vulcânica submarina na Crista Média-Atlântica.
Esta erupção, a confirmar-se pelos cientistas da universidade açoriana, não representa qualquer risco para as ilhas do arquipélago, mas as autoridades marítimas já foram informadas relativamente à navegação na zona.
“Na sequência de relatos de que alguns pescadores teriam observado algo de diferente nos seus monitores (sonar), o Departamento de Oceanografia de Pescas, com recurso ao seu navio “Arquipélago”, está a programar uma missão ao local”, explicou Teresa Ferreira.
Segundo a investigadora, esta missão pretende, assim, confirmar se estes relatos estão relacionados com uma erupção vulcânica situado numa zona entre 180 a 200 quilómetros da ilha do Faial.
No caso de estar em curso uma erupção vulcânica submarina, que não é visível à superfície, a missão vai caracterizar o fenómeno e recolher todos os elementos possíveis para se avaliar quais as suas implicações.
A profundidade, de acordo com as informações disponibilizadas ao observatório, estará entre os 400 e os 500 metros, elementos que carecem, porém, de confirmação.
Além da distância do arquipélago ser “considerável”, uma actividade vulcânica com estas características tem uma actividade sísmica de muito baixa magnitude, razão pela qual não foram registados sismos no arquipélago, adiantou Teresa Ferreira (In Açoriano Oriental).