Um jovem Vulcão - Capelinhos
As cinzas dos Capelinhos ainda estão impregnadas de bombas vulcânicas como acne na face de um adolescente. A vida rebenta, explode, agarra-se, respira, transcende-se.
Muita vida há-de sair de um corpo onde se injectam hormonas de mar, feromonas de terra, genes endémicos e memes do homem.
Os Capelinhos apresentam vigor e cansaço: do jovem que é e dos dilemas que sente, das formas que busca e do ritmo que leva, da graça que tem e dos sonhos que curte. A face é maquilhada diariamente pelo vento, na tentativa de disfarçar as pequenas crateras deixadas pelas borbulhas que infectaram. O corpo deita-se ao Sol para bronzear. Como qualquer adolescente, o Sol a mais faz a tez passar de bronze a negro. A melanina é genética, herdada das entranhas da mãe e esquecida num encontro frívolo do pai.
É um vulcão bastardo, filho de pai incógnito. É singular por ser submarino de nascimento. É infantil por se agarrar às saias da mãe. É ainda afeminado na forma, apesar de ostentar alguns símbolos fálicos. Discute diariamente a sua identidade.
É um jovem vulcão num processo de afirmação que conflitua geracionalmente com os que o rodeiam.
10 Comments:
Caro Amigo Félix,
Texto extraordinário sobre o vulcão dos Capelinhos. Ao lê-lo parece que vamos ao sabor dos ondas da vida: Umas vezes para cima e outras para baixo. Mas não se fica parado.
Faz-me lembrar uma extraordinária frase que passo a transcrever:
"A matéria é eterna. É a base física para a Única Mente Universal Infinita nela construir as suas ideações". - HPB
Queria fazer-te um convite, que não sei se será possível aceitares. No próximo dia 14/07/2007, em Lisboa, na Rua do Alecrim, nº.38-3º., Sede da Soc. Portuguesa de Naturalogia, pelas 18,00 horas, irei efectuar uma conferência pública, de entrada livre, subordinada ao tema: CIÊNCIA E ESPIRITUALIDADE. No final haverá perguntas e respostas e depois eu e a Isabel cantaremos e tocaremos alguma canções desde música tradicional portuguesa a outros estilos.
Se estivesses aqui por Lisboa, gostaríamos muito de te conhecer. Não podendo, já te vamos conhecendo virtualmente.
Um abraço
José António
O vulcão dos Capelinhos :)
Fascínio!!
E um texto excelente :)
Bonitas fotografias. Excelente texto.
Um abraço.
"A vida surge da morte como necrófago do tempo." Adoro sua forma de escrever, de transformar paisagens em contos em história.
Beijos de Lua.
Olá Felix, tal como te prometi vim visitar-te... não te vou comentar o vulcão por motivos óbvios, mas que gostei da imagens do texto e do texto das imagens gostei, hei-de cá vir mais vezes para ver se me ambiento. Um abraço
Que interessante texto acerca dos Capelinhos, tratando-o como um ser humano, como se sentisse...
O prémio foi mais que merecido!!!!
Parabéns, Félix!!
As forças que me moldam são a força do amor e respeito pelo outro...quem quer que seja!
E tento calar outras forças: raiva, revolta...Por achar que só me podem tornar uma pessoa pior.
Beijinho
Que forma de escrever! Criativa, bonita, original... o vulcão e os seres humanos, analogia muito, muito engraçada e bem feita.
Após 3 semanas sem net em casa, passei por aqui para deixar um prémio, que pelos vistos já é repetido, quando fiquei surpresa ao ver que tinha recebido o prèmio 7 Maravilhas. Fiquei feliz mas esse não mereço mesmo... tenho tanta coisa para aperfeiçoar, apurar, melhorar... não sinto que o mereça! Mesmo assim, OBRIGADA!
Um bjo e bom fds
não foi por acaso que nomeei o teu blog para as 7maravilhas da blogoesfera, e a prová-lo está este excelente texto com uma forma bem original de apresentar o vulcão do Capelinhos.
não me enganei e o voto é merecido.
abraço
A força da vida!!!
Gostei muito.
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