O homem dos balões
É festa. Toda a grande festa exige balões.
No meio do arraial avança uma bola informe de leões, ursos, cavalos, fadas, Peter-Pans, zebras, elefantes e dinossauros. No meio dessa bola há um rosto humano, moreno, cabelo escorrido e sorriso amarelado que nenhuma criança escolhe, mesmo sendo redondo e inflado como os ursos ou os elefantes que o rodeiam.
Não é preciso gritar "balões", não é preciso publicitar "compre um balão ao menino", porque os animais parecem ter uma vontade própria de saltar dali para as mãos de qualquer criança ou voar rumo ao centro de qualquer galáxia.
Quando se sabe que o homem dos balões è escritor, dá vontade de querer ler a sua obra. Como será o mundo visto por um Peter-Pan sorridente transformado em balão?
Percebemos que afinal é o rosto moreno que controla toda a massa, e a escolha de todos aqueles animais que o circundam, poderá ser uma mensagem para a necessidade de conservação da biodiversidade, ou então, é um desvario do pensamento, catapultado pela magia das fadas e dos Peter-Pans que teimam em afirmar-nos que o mundo poderá ser de sonho.