Abrigo o carinho das árvores,
Nas memorações da infância:
Dos troncos que abracei,
Dos ramos onde balancei,
Das copas a que trepei.
A que meu avô plantou,
No meu peito se guardou,
Como se fosse genealógica,
Numa ordem cronológica,
Que até a mim chegou.
Não a vi crescer,
Apenas resistir:
À estrada que a circundou,
Ao vento que a não tombou,
Ao Sol que não a queimou.
Esqueci-me de abraça-la,
Até quererem derrubá-la,
Em nome do alcatrão.
Partiu-se-me o coração,
Por não conseguir defendê-la,
Nem tão pouco protegê-la,
Pois não era extraordinária,
Mas vulgaríssima de Lineu.
Cortou-se-a, e assim morreu,
Sem suspiros ou sofrimento.
Nesse preciso momento,
Não chorou ela, chorei eu,
Por não poder abraçá-la.
Félix RodriguesAngra do Heroísmo, 5 de Julho de 2009.