É tão solitário o caminho do primeiro,
Como o do derradeiro.

Sós e assustados ficamos,
Sós e aterrorizados saímos,
Sós e apavorados aguentamos,
Sós e amedrontados ousamos.

Há descobertas que fazemos
Na ousadia de primeiro,
Medos que construímos,
Na espera de derradeiro.

Há honra na solidão do dianteiro,
Vergonha e desânimo no jornada do derradeiro.
Nos primeiros há esperança,
Nos últimos, desconfiança.

A solidão não é só,
Estar só,
É antagonismo,
Como vencer ou perder.
Perder-se no caminho, para vencer,
Ou ser vencido pelo caminho,
Que todos os outros acabaram:
Pela vida ou pela morte,
É esta a nossa sorte.

Solidão é descobrir,
Que não resta mais ninguém.
Para encontrar alguém,
Tenho que ficar ou partir,
Esquecer ou descobrir,
Esquecer-me ou ser esquecido,
Perder-me, ou ser perdido,
Sinto sempre......
na solidão.
Félix Rodrigues
Angra do Heroísmo, 11 de Abril de 2010.