Homem Novo

Saio fora de mim,
Quando entram em mim
Ou se fazem em mim:
Ideias, conceitos ou morais,
Pressupostos ou afecções reais,
De energias paranormais.

Sou um homem novo,
Por uma ideia nova,
Numa sinapse ocasional,
Probabilística ou paranormal?

Se penso em ti,
E tu pensas em mim,
É telepatia ou devoção?
Razão, é que não,
Por mais belo que seja o coração.

Félix Rodrigues
Angra do Heroísmo, 27 de Março de 2010.

O riso

O riso, sorriso,
É rizóide de alma,
Rizina na face,
Mesmo que passe,
Acalma.
O riso incontido,
Jamais é escondido.
É contagioso
Por ser precioso,
Fulgido.
Não sorriem os pássaros
Ou as aves do céu?
Quanta felicidade
Coberta por um véu!?

Se esconderes um sorriso,
Ou um riso discreto,
Ficai de aviso:
O júbilo morreu.

Félix Rodrigues

Angra do Heroísmo, 20 de Março de 2010.

Musical da Ventura

Se a vida fosse um musical,
A raiva seria um coro,
O amor um piano,
E o ponto,
Da janela dos meus olhos.

Se chorássemos cantando,
Se ríssemos dançando,
Vivíamos fulgurando.

Subindo a escada da vida,
Rodopiando nos vãos de escada,
Saltando de janelas ou parapeitos,
Mesmo contrafeitos,
A existência seria marcada,
Pela música amargada,
Por uma melodia sentida,
Pela dança emaranhada.

Félix Rodrigues
Praia da Vitória, 13 de Março de 2010.

Antagonismos

Mesmo na felicidade há tristeza,
Ou na tristeza felicidade.
Não se sente uma sem a outra.

O salgado é mais insonso,
Se precedido do doce da blandícia.

O sossego só acontece,
Depois da agitação,
E a velhice,
Depois da meninice.

Se nunca se viveu,
Se nunca se foi feliz,
Por antagonismo ou justaposição,
Não se envelhece,
Apenas se padece.

Félix Rodrigues
Angra do Heroísmo, 6 de Março de 2010.