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2007-12-15

Etnobotânica

Os chás da minha avó
Também levavam carinho.
Aprendeu com a bisavó,
As virtudes do rosmaninho.
Quanta sabedoria existia,
Na simples colheita de erva,
Bem guardada em reserva
Na dispensa da avó,
Bem protegida do pó,
Como para fazer alquimia,
Numa doença ou agonia?

Quanta ciência escondia,
As mãos envelhecidas,
As peles ressequidas,
Cansadas do dia a dia?

Sabia que qualquer doença,
Isso era a sua crença,
Se curava com um chá,
Daquilo que a terra dá.

Félix Rodrigues
Que conhecimento rejeitas?

O conhecimento empírico das gerações anteriores à nossa pode entender-se como sendo o conhecimento que se adquiriu no decorrer do árduo dia a dia através de tentativas e erros num agrupamento de ideias e procedimentos que ainda hoje pode ser válido. Com a construção positivista do conhecimento, onde se procuraram relações causa-efeito e se estudam as relações existentes entre os factos que são directamente acessíveis através da observação, desvalorizou-se drasticamente o conhecimento empírico. Entende-se que a grande diferença entre um e outro conhecimento reside na teorização das observações. No conhecimento empírico não se teoriza, e por tentativa e erro, descobrem-se as aplicações de determinados materiais. Na ciência positivista, por tentativa e erro chegam-se aos resultados que se encaixam numa teoria, e a partir dela, perspectivam-se novas aplicações. Tanto um como outro processo é conhecimento, até porque, foi a partir do conhecimento empírico que se começaram a investigar pormenorizadamente um grande conjunto de fenómenos naturais.
A utilização de plantas medicinais para prevenção e tratamento de doenças ocorre desde os primórdios da humanidade, mas a partir do século XVIII, começou a ser desvalorizada com o fortalecimento da química, mais concretamente da farmácia.
Hoje em dia, os detentores do conhecimento empírico relacionado com a aplicação medicinal das plantas são essencialmente idosos, e em vez de o valorizarmos, apelidamo-lo de retrógrado ou antiquado. Se nos perguntássemos se haverá alguma verdade científica positivista nesse conhecimento, ficaríamos perplexos. Conhecemos muito pouco, para que possamos perder ou rejeitar conhecimento.
A etnobotânica, ciência que ligada à botânica e à antropologia estuda as interacções entre os indivíduos e as plantas, afirma-se cada vez mais, numa tentativa de resgatar valores ancestrais e potenciar o desenvolvimento sustentável das populações indígenas, ou até mesmo, rurais.
Aproveitemos então, os conhecimentos empíricos dos nossos avós, o máximo que pudermos.

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15 Comments:

At 19:52, Anonymous Anónimo said...

E o chá d'acha, alguém conhece?

 
At 11:08, Blogger deep said...

Valorizo muito este tipo de conhecimento. Sempre que se proporciona, vou para o campo com a minha mãe e recolho uns exemplares de algumas plantinhas. Este ano, sequei funcho (que aqui se conhece como fiolho), menta, cidreira e limonete (lúcia-lima).Por cá, já houve e vai haver cursos de etnobotânica.

Boa semana.

 
At 16:13, Blogger foryou said...

Chás? É comigo! Adoro chá e tive a sorte de conviver com pessoas que os usavam em larga escala. Depois vivi num local onde o chá era muito usado e saboroso e finalmente aprendi mais umas coisas com uns amigos japoneses e tailandeses.
Resultado: tenho na varanda uma série de vasinhos com plantas que uso.

E já agora 1 variante ao vulgar chá de limão:
1 casca de limão, 1 casca de laranja, 2 folhinhas de hortelã, mais 1 de camomila e 1 de eucalipto, 1 pau de canela e 1 quadradinho de ananás cristalizado. Verta a água e deixe em infusão 3 minutos.
Com os votos de noite serena e narizinho desentupido...
beijooo

 
At 19:07, Blogger TF said...

Também sou fâ de chás. Tenho preferência por chás de ervas naturais. Agora, em especial no Inverno, gosto de ir acompanhando o trabalho com um chã quente de vez em quando. Aquece a alma.
Eu acredito na sabedoria feita de experiência das pessoas mais velhas. Cresci e fui educada aprendendo a respeitar essa sabedoria e não me tenho dado mal.
Bom fim de semana
Teresa

 
At 21:33, Blogger Chellot said...

Minha mãe é assim. Pra ela não há chá que não cure ou melhore o sofrimento. Eu não gosto de chá, me enjoa e embrulha o estômago, mas aprecio quem gosta.

Beijos dançantes e desejos de um natal tranquilo.

 
At 13:58, Blogger Berta Helena said...

Acho que me vou deixando ficar entre os dois.
O teu poema é muito bonito.

Um abraço.

 
At 10:51, Anonymous Anónimo said...

É verdade, muito desse conhecimento está a desaparecer.

 
At 19:27, Blogger © Piedade Araújo Sol (Pity) said...

Gostei de ler.

Deixo meu beijo com sabor a chá de hortelã...

 
At 21:05, Blogger Aprendiz de Viajante said...

Não podia estar mais de acordo contigo! Os chás, os provérbios... os conhecimentos que passam de geração em geração são realmente um tesouro magnífico.

Um abraço e que tenhas um Feliz Natal na companhia dos que te são mais queridos.

 
At 13:44, Blogger Unknown said...

Embora algo ausente da blogosfera, não quis deixar de vir deixar um beijo de boas festas com tudo de bom.

 
At 14:25, Blogger ॐ Hanah ॐ said...

Sim, são conhecimentos xamanicos, nem eles talvez saibam mais disso, tradição passada de geração a geração....

........

Felix, obrigado pelo prêmio
logo logo postarei....
a minha lista porreira....

********

Passei aqui também para desejar-lhe um bOM Natal, Cheio do Aroma de Flores Silvestes...


Beijo

 
At 16:38, Blogger sa.ra said...

Vim deixar os meus votos de um Natal muito feliz, cheio de paz e amor e muita magia!

Que 2008 seja um ano extraordinário!

Beijos

Dias muito felizes

 
At 21:38, Anonymous Anónimo said...

Olá Felix,


Gostei muito de seu blog. Parabéns!
Meu nome é Vanessa Santos e sou biológa, no momento estou desenvolvendo uma pesquisa de etnobotânica no municipio de Cunha/SP e gostaria de utilizar o poema que tem na home page de seu site. Por gentileza poderia me enviar a referência bibliografica, ou seja, como você é citado.

Atenciosamente e em aguardo.


Vanessa Santos

 
At 14:58, Anonymous Anónimo said...

Ola...gostaria de saber o autor desta poesia. Se é só um trecho ou toda ela esta na pagina.
Obrigada.

 
At 15:00, Anonymous Anónimo said...

Deixei o comentário acima e queria completar... trabalho com etnobotanica de plantas medicinais e achei o seu blog sem querer e achei mto legal ter um post sobre esse tema.
Se puder me responder aqui msm sobre a origem do texto.
desde já agradeço.

 

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