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2010-09-05

Surrealista

Se o verde ficar vermelho,
O azul, amarelo,
O pardo estacionar no claro,
Numa euritmia de cores, fora do usual,
É paisagem “surreal”.

Se em vez de pensar, sonhar,
Se em vez de andar, voar,
Se em vez de subir, cair,
O mundo será surrealista,
Sem deixar de ser intimista.

Quando a reacção é a acção,
A física fica invertida:
O tempo congela e o espaço avança,
A morte morre e a vida alcança,
A eternidade do lugar.

As cores perdem a ordem,
Do fantasma da luz solar,
O mar adquire vida,
Sem ter vida p’ra nos dar.
A água torna-se sólida,
Num cristal desconhecido.
A Lua fica redonda,
Noutro sistema axiomático,
Num pensamento errático,
Entre o prazer e a dor,
Leve ou excruciante,
Destrutivo em potencial.

O real é o que existe fora do meu entendimento,
Tudo o que vejo e sinto,
Tudo o que vejo e penso,
É uma construção,
Como na caverna de Platão,
Uma edificação mental,
Surrealista,
Ou talvez sem significado,
Confusa ou deturpada,
Como a palavra surreal.


Félix Rodrigues
Angra do Heroísmo, 5 de Setembro de 2010.

3 Comments:

At 17:41, Anonymous Anónimo said...

Lindo.

Joe

 
At 21:45, Blogger Sónia Caires said...

Olá!
Adorei este poema.
Parabéns pelo blogue.
Bjs

 
At 15:55, Anonymous Anónimo said...

Gostei muito do poema. Lindo.

 

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