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2009-12-26

Ano Internacional da Astronomia - Dia 358 "Brasão de Alcobaça"

Isabel Neves e Félix Rodrigues

Em termos administrativos, o concelho de Alcobaça integra-se na Nut III do Oeste, na qual se insere na Região Centro (Nut II). A nível distrital, Alcobaça pertence ao distrito de Leiria.
O concelho de Alcobaça faz fronteira: a Norte com a Marinha Grande; a Sul com Rio Maior e Caldas da Rainha, a Este com Porto de Mós e Leiria e a Oeste com a Nazaré.
Alcobaça é uma cidade portuguesa pertencente ao Distrito de Leiria, região Centro e sub-região do Oeste. A cidade dista cerca de 109 km da capital Lisboa, situando-se entre três cidades maiores: Caldas da Rainha, Marinha Grande e Leiria.
É sede de um município com 417,05 km² de área e 55 597 habitantes (2006), subdividido em 18 freguesias.
Alcobaça é banhada pelos rios Alcoa e Baça, nomes, de cuja aglutinação, a tradição faz derivar o seu nome - o que está longe de ser consensual. Foi elevada a cidade em 1995.
Alcobaça, perfeitamente integrada no contexto geral da Estremadura Litoral a Norte do Tejo, encerra testemunhos de ocupações humanas de épocas bem remotas. Dos abundantes vestígios paleolíticos de Castanheira e Montes às numerosas ocupações dos primeiros agricultores pastores que ocuparam as grutas do Carvalhal de Aljubarrota, não faltam provas da presença dos primeiros homens nesta região. As grutas de Carvalhal de Aljubarrota (Cabeço da Ministra e Calatras), ocupadas para enterramentos ou como locais de ocupação temporária, são alguns exemplos.
As primeiras sociedades de metalurgistas do Calcolítico também deixaram as suas marcas, ao longo do 3º milénio a .C. Ervideira, as grutas do Carvalhal de Aljubarrota e o Algar de João Ramos são alguns dos locais onde a sua presença foi detectada. Os achados de machados e pontas de lança de cobre no Carvalhal de Turquel, em Évora de Alcobaça, Fonte Santa, Casais de Santa Teresa, Carris e na gruta X de Cabeço Rastinho também contribuem para reafirmar uma forte presença neste período.
A Idade do Bronze, em subsequência cronológica directa do Calcolítico, com uma cronologia que se estende de 1800/1700 a. C. à transição dos séculos VIII/VII a.C., revela-nos uma região de forte substrato calcolítico, principalmente no seu período inicial. Os hábitos sepulcrais apontam para a reutilização de locais de enterramento anteriores, designadamente em Carvalhal de Aljubarrota. Do final deste período, o Bronze Final, conhecem-se vários achados que comprovam ligações culturais com as comunidades do chamado Bronze Atlântico. Destacam-se, neste caso, os machados de dois anéis de Carvalhal de Aljubarrota, Fonte Santa, Carris e da gruta de Redondas.
Entre os meados do século VIII a. C. e meados do século V a. C., desenvolve-se, no extremo ocidental peninsular um ambiente cultural de influência mediterrânica que conta com o contributo de fenícios, gregos e cartagineses. É a chamada 1ª Idade do Ferro. Este ambiente cultural, conhecido sob a designação de “horizonte orientalizante”, é testemunhado, em Alcobaça, pelas fíbulas de Parreitas, dos séculos VIII/VII a. C.
A convencionalmente chamada 2ª Idade do Ferro caracteriza-se por grandes alterações na geografia étnica, processo intimamente relacionado com as deslocações de povos de origem indo-europeia para Ocidente, mas também com a decadência do horizonte fenício. É assim que os túrdulos, herdeiros étnicos e culturais de Tartesso, e na sequência da decadência deste potentado, terão empreendido expedições para regiões peninsulares mais setentrionais, tendo fundado novos povoados, entre os quais Collipo (S. Sebastião do Freixo) e Eburobrittium (nas cercanias de Óbidos). Esta chegada de novas comunidades terá significado a introdução ou a generalização de inovações técnicas, das quais se destaca a metalurgia do ferro.
Também os romanos marcaram uma forte presença na região de Alcobaça, onde terão estado de forma mais perene a partir do século II a .C. Deles nos ficaram valiosos vestígios, dos quais se destacam o povoado de Parreitas, a vila de Póvoa de Cós e todo um conjunto de ocupações menores ainda por investigar.
Visigodos, com presença reconhecida em S. Gião da Nazaré, e muçulmanos, dos quais nos chegam referências vagas que os situam em Alfeizerão e na Torre de D. Framondo, pouco sabemos com segurança.
Já o mesmo não se pode afirmar do período medieval cristão, nitidamente marcado pela presença da Ordem de Cister.
No período de reconquista cristã e de formação do reino, D. Afonso Henriques terá conquistado as terras de Alcobaça aos muçulmanos por volta de 1148. Com a carta de doação de 8 de Abril de 1153, inaugura-se um longo período que irá durar até à extinção das ordens religiosas, já no século XIX, período esse ao longo do qual foi ganhando forma um imenso complexo arquitectónico, o Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça. Em torno deste, ganhou forma um território estruturado que beneficiou desta imensa fonte de saber monacal. Desenvolveram-se as granjas e quintas, levou-se por diante a conquista das pedregosas encostas da serra, com a introdução sistemática da oliveira, desenvolveram-se os sectores industriais com recurso à energia hidráulica. Enfim, foi-se definindo um território que ainda hoje é conhecido pelo nome de Coutos de Alcobaça.
O Brasão de Alcobaça é constituído por um escudo de vermelho, uma torre de ouro assente num contra-chefe de cinco faixetas ondeadas, três de prata e duas de azul, acompanhada por dois crescentes de ouro; chefe de azul, carregado de três flores-de-lis de ouro. Escudo cercado pelo colar da Ordem militar de Torre e Espada do valor, lealdade e mérito. Coroa mural de prata de cinco torres. Listel branco com os dizeres a negro : "ALCOBAÇA".

O chefe de azul com três flores-de-lis (generosidade, honra, realeza) de ouro: extraídos do brasão da Ordem de S. Bernardo, que também se adoptou por constituírem as armas de França, donde era natural e onde se fundou a sua Ordem.
A torre e os crescentes: como representantes da sua existência quando foi incorporada no território português.
As cinco faixas ondeadas de prata e azul: representam o rio Alcoa e o rio Baça, que em conjunção formam o nome da localidade.
A torre tem seu desenho próprio, não devendo ser confundida com um castelo.
Na heráldica a figura da flor-de-lis tem muita importância, não só porque simboliza e fixa características ligadas à família, pessoas, locais, como por ser uma peça constantemente encontrada nos brasões franceses, isto por ter sido este o símbolo da sua monarquia. A flor-de-lis é símbolo de poder e soberania, assim como de pureza de corpo e alma, candura e felicidade. A origem do símbolo é muito controversa e o que se sabe é que surgiu recentemente. Sabe-se tambémque foi usada nas armas da França em 496, na vitória de Tolbiacum (Zulpich), onde os francos de Clodoveu, derrotaram os alemães e coroaram-se de lírios. O seu desenho era colocado no manto de reis já na época pré-cruzadas, na indumentária de luxo dos reis de armas, nos pavilhões, nas bandeiras e, ainda hoje, em vários brasões de municípios franceses.
Garcia IV, rei de Navarra, que viveu pelo ano de 1048, passou a adoptar o desenho da flor-de-lis como símbolo de seu reinado, após ter visto uma imagem de Nossa Senhora desenhada no fundo de um lírio e logo após se ter curado de uma grave enfermidade. No ano de 1125, a bandeira da França apresentava um campo semeado de flores-de-lis, o mesmo acontecendo com o seu brasão de armas até o reinado de Carlos V (1364), quando estas passaram a ser apenas em número de três. Este rei adoptou oficialmente o símbolo como emblema, para honrar a Santíssima Trindade.
Outros historiadores relatam que antes disso o símbolo começou a ser utilizado no reinado de Luiz VII, o Jovem (1147), e como emblema da cidade de Florença. Além disto, aparece em numerosos brasões desde o século XII. Quanto a este rei, foi ele o primeiro dos reis da França a servir-se desse desenho para selar suas cartas patentes, principalmente devido à alusão ao seu nome Luiz, que então se escrevia "Loys". Os reis Felipe Augusto e S. Luiz, conservaram o lis como atributo real, que os seus descendentes perpetuaram.
À semelhança de outros municípios portugueses, Alcobaça tem dois crescentes no brasão e bandeira. Também se encontram dois crescentes, em forma de U, nos brasões de Alverca do Ribatejo e Vila de Borba, e dois crescentes presentes no brasão da Cidade de Queluz, mas em forma de C.
No simbolismo da Cabala, por vezes, aparecem representadas duas luas e dois sóis, como a figura medieval seguinte, onde um homem e uma mulher seguram sobre os seus ombros um globo. O do homem contem o sol nascente e o sol poente e o da mulher, duas luas o nascente e o ocaso deste astro.
Apesar de ser nítida a associação do homem ao sol e da lua à mulher, como era típico na Idade Média, essa representação traduz também ensinamentos da natureza, como o nascimento e o ocaso dos astros do firmamento.


Desde sempre que os humanos se sentiram “envoltos por forças misteriosas” que os sujeitavam a riscos e perigos. Assim, tiveram necessidade de recorrer ao sobrenatural para se protegerem desses inimigos e das manifestações maléficas do cosmos. Foi na procura de objectos e imagens que o defendessem que este criou símbolos para poder entrar em sintonia com os seres divinos de forma a ter alguma protecção.

1 Comments:

At 23:15, Blogger Felisberto Matos said...

olá Félix:
Há muito tempo que não vinha ao seu blog (e ao meu,inclusiv´e).Agora que voltei,para uma simples visita de passagem,abriu-se-me o apetite para nova visita em breve.Para poder ler com atenção este texto e o da astronomia na obra de Camões.Além de que não dispenso as fotografias que publica sobre o universo.
Desejo-lhe a si e aos seus colaboradores um bom 2010 . Um abraço

 

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