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2009-12-26

Ano Internacional da Astronomia - dia 353 "Relógio astronómico portátil alemão do Século XVI"

Félix Rodrigues

Os relógios astronómicos eram artefactos que se tornaram muito populares no final da Idade Média até ao século XVII. Actualmente, esses relógios astronómicos medievais, incorporados em igrejas europeias, principalmente na Europa Central, são grandes atracções turísticas. É exemplo de grande atracção turística o Orloj, montado na parede sul da Câmara Municipal de Praga localizada na Praça da Cidade Velha. O primeiro relógio astronómico que se conhece foi construído em Pádua, em 1334.
O mostrador dos relógios astronómicos, tem a forma de um astrolábio, podendo ser considerado um planetário primitivo que mostrava o estado actual do universo.
Um astrolábio possui a mater, a rete, as climas com as projecções esterográficas do céu numa dada latitude e que se ajustam à mater, e uma mediclina, que serve para avaliar a altura dos astros no firmamento. Como é fácil observar, no exemplar existente no Museu de Angra do Heroísmo, não existe mater, climas ou mediclina. Nesse instrumento existe apenas a rete, característica dos relógios astronómicos.
O mostrador astronómico desse relógio tem o planeta Terra no seu centro, o céu, e à sua volta, componentes móveis: um anel zodiacal, um anel rotatório, um ponteiro com um ícone representando o Sol e outro ponteiro com um ícone representando a Lua.
O mostrador contendo os números árabes, mostra a hora local. Os arcos dourados da rete, dividem o mostrador em doze partes e correspondem a “horários desiguais”, ou seja, a 1/12 avos do tempo decorrido entre o nascer e o pôr-do-sol. Estes arcos estão afastados entre si porque, consoante a época do ano, o número de horas de luz é distinta, a latitudes diferentes da do equador.
No anel externo desse relógio, existe uma escala onde estão inscritos os signos do Zodíaco, que serve para medir o movimento das estrelas. Um terceiro ponteiro fixo, que tradicionalmente possui uma estrela na sua extremidade, aponta para o equinócio de Verão, e as horas estelares podem ser lidas na escala em numeração romana.
O Sol, ao mover-se em torno do círculo zodiacal, mostrando a sua posição na eclíptica da Terra, permitindo calcular o tempo de dois modos distintos:
a) A sua posição sobre o mostrador com numeração romana fornece a hora local, e;
b) A posição do ponteiro sobre os círculos dourados do fundo fornece o tempo nas “horas desiguais”, ou seja, o número de horas de sol que ocorreu até esse momento.
Na figura seguinte apresenta-se um relógio astronómico alemão com uma estrutura semelhante à que se acaba de referir. Nele é bem visível as quatro estações do ano, uma em cada canto do relógio astronómico.


O movimento do ponteiro com o ícone da Lua, dá-nos as várias fases da Lua.
Na imagem seguinte, apresenta-se em esquema, as partes constituintes do Relógio Astronómico de Praga, de modo a se perceber o funcionamento do relógio astronómico portátil do Museu de Angra do Heroísmo do século XVI.
Na figura seguinte, apresenta-se um outro relógio astronómico do Museu Alemão de Relógios Astronómicos, que é uma simplificação do relógio astronómico de Praga.

Na figura seguinte, apresenta-se outro modelo de um relógio astronómico alemão.


Os relógios astronómicos alemães, seguem de perto a lógica do primeiro calendário impresso por Gutenburg, que para além dos dias da semana, também indicavam os dias de Lua Nova e Lua Cheia, bem como a posição dos vários planetas no céu.
O calendário da figura seguinte, é um calendário produzido por Regiomontanus (1436-1476).
Regiomontanus era professor de astronomia na Universidade de Viena, antes de ser astrónomo do rei Matthias Corvinus da Hungria. Foi um dos primeiros cientistas a aperceber-se da importância da impressão de documentos científicos. A impressão deste calendário manteve-se até 1475, até que o Papa Sixtus IV, reformulou o calendário vigente.