Ano Internacional da Astronomia - Dia 349 "Folhinha da Terceira"
A “Folhinha da Terceira para o ano de 1832: Bixesto" do Museu de Angra do Heroísmo, é um pequeno almanaque, com semelhanças a uma agenda, editada por Simão José da Luz Soriano com colaboração de José António Guerreiro e de Bernardo de Sá Nogueira, onde também se dá conta das evoluções da expedição liberal e que contém anotações do próprio autor. Foi editada em Angra do Heroísmo pela Imprensa do Governo. Conhecem-se pelo menos três edições da Folhinha da Terceira, referentes a 1830,1831 e 1832.
Na imagem seguinte apresenta-se a contracapa da Folhinha da Terceira, propriedade do Centro de Conhecimento dos Açores.
Para uma melhor compreensão do que aqui se refere, passa-se de imediato à descrição dos vários tipos de eclipses observados em 1832 e neste Ano Internacional da Astronomia de 2009.
Ocorre um eclipse solar quando a Lua se entrepõe entre o Sol e a Terra ocultando completamente a luz que atinge a superfície terrestre. Tal ocorre apenas numa faixa estreita do globo. Por ser raro, esse é um dos fenómenos celestes que mais tem contribuído para o conhecimento humano na área da astronomia.
Neste ano de 2009, Ano Internacional da Astronomia, ocorrerá um eclipse solar total a 29 de Julho de 2009, mas não será visível nos Açores. Começará a ser visível na Índia, atravessa o Nepal, Bangladesh, Butão, Myanmar e China. Após deixar de ser visível na Ásia passa a ser visível nas ilhas japonesas Luchu, e atinge o seu máximo, no Oceano Pacífico. Aí, o eclipse do Sol será visto durante 6 minutos e 39 segundos.
Na figura seguinte apresenta-se uma imagem de um eclipse solar total, onde o disco da Lua tapa completamente o disco do Sol. Nessa imagem é possível observarem-se a ejecções enormes de plasma solar.
Na imagem seguinte, apresenta-se, numa faixa azul com círculos no seu interior, os locais do globo onde será possível observar o eclipse do Sol que ocorrerá a 29 de Julho deste ano de 2009.
No que se refere aos eclipses lunares, a sua classificação está dependente da parte da Lua que é obscurecida pela sombra da Terra, e da parte da sombra da Terra que a obscurece.
A projecção da sombra da Terra possui duas partes distintas: a umbra e a penumbra. A umbra é a região onde não há iluminação directa do Sol, e a penumbra, é a região onde apenas parte da iluminação é bloqueada (ver imagem seguinte).
Quando a Lua entra na região da umbra podem ocorrer os eclipses lunares parciais e totais. O eclipse parcial ocorre quando apenas parte da Lua é obscurecida pela sombra da Terra e o total quando toda a face visível da Lua é obscurecida pela umbra. Este obscurecimento total pode durar até 107 minutos e é mais longo quando a Lua está próxima de seu apogeu, ou seja, quando sua distância à Terra é a maior possível.
Um último tipo de eclipse lunar raro denominado eclipse horizontal ocorre quando o Sol e a Lua, em eclipse, estão visíveis ao mesmo tempo. Este tipo de eclipse só ocorre a Lua está perto do poente ou antes do nascente.
Nos eclipses penumbrais da Lua de 1832, visíveis nos Açores, cerca de 51% do disco lunar entrou na penumbra da Terra e dessa percentagem, 48% entrou na umbra, a 16 de Fevereiro. No eclipse de 12 de Julho de 1832, 49% do disco lunar entrou na penumbra, e 58% dessa percentagem do disco, entrou na umbra.
Neste ano de 2009, também ocorrerão 4 eclipses da Lua, três penumbrais e um parcial, sendo vistos dos Açores apenas dois: eclipse penumbral (6 de Agosto de 2009) e o eclipse parcial da Lua (31 de Dezembro de 2009). No esquema seguinte apresenta-se o trajecto que foi efectuado pela Lua durante o eclipse de 9 de Fevereiro de 2009.
Eclipse Penumbral da Lua de 9 de Fevereiro de 2009
Eclipse Penumbral da Lua a 7 de Julho de 2009
Eclipse Penumbral da Lua a 6 de Agosto de 2009
O trânsito de planetas interiores através do disco solar são fenómenos astronómicos raros, podendo ser considerados casos particulares de eclipses. É possível observar o trânsito de Mercúrio como o trânsito de Vénus, planetas interiores. Na imagem seguinte ilustra-se o trânsito de mercúrio em 1973.
Ocorrem, em média, treze trânsitos de Mercúrio por século. Apesar desse fenómeno ter ocorrido milhares de vezes durante a história da humanidade, tal fenómeno foi registado pela primeira vez em 1631 pelo astrónomo francês Gassendi. Anos mais tarde, 1639, os astrónomos ingleses Jerimiah Horrocks e William Crabtree registaram pela primeira vez o trânsito de Vénus.
Os trânsitos de Mercúrio ocorrem sempre nas primeiras semanas de Maio ou nas primeiras semanas de Novembro. A informação contida na Folhinha da Terceira, referente ao trânsito de Mercúrio está correcta, no que se refere à data, mas não está correcta quanto à hora de ocorrência desse evento. O trânsito de Mercúrio de 1832 iniciou-se 7 horas e 4 minutos do dia 5 de Maio e terminou 13 horas e 47 minutos do mesmo dia, contrariamente à 9 horas e 15 minutos e 14 horas e 7 minutos propostos na Folhinha da Terceira para o início e fim desse fenómeno.
A seguir apresentam-se todos os trânsitos de Mercúrio observados desde 1832, data da publicação da “Folhinha da Terceira” do Museu de Angra do Heroísmo até à actualidade e apresentam-se as três próximas ocorrência a partir da actual data de modo a contabilizar dois séculos exactos de observações.
1832 – 5 de Maio, 1835 – 7 de Maio, 1845 – 8 de Maio, 1848 – 9 de Novembro, 1861 – 12 de Novembro, 1868- 5 de Novembro, 1878 – 6 de Maio, 1891 – 10 de Maio, 1894 – 10 de Novembro, 1907 -14 de Novembro, 1914 – 7 de Novembro, 1924 -8 de Maio, 1927 – 10 de Novembro,1937 – 11 de Maio,1940 – 11 de Novembro,1953 – 14 de Novembro,1957 – 6 de Maio, 1960 7 de Novembro,1970 – 9 de Maio, 1973 – 10 de Novembro, 1986 – 13 de Novembro, 1993 – 6 de Novembro,1999 – 15 de Novembro, 2003 – 7 de Maio, 2006 – 8 de Novembro, 2016 – 9 de Maio, 2019 – 11 de Novembro e 2032 – 13 de Novembro.
Como é fácil perceber, a partir do número de trânsitos anteriormente referido, o trânsito de Mercúrio pode ser observado por cada um de nós poucas vezes na vida, o que torna esse fenómeno raro. Por outro lado, para que possa ser observado esse trânsito é necessário que ele ocorra durante o dia, à nossa localização. Os próximos três trânsitos de Mercúrio serão vistos nos Açores.
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