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2009-12-11

Ano Internacional da Astronomia - Dia 343 "Brasão de Valença"

Félix Rodrigues

Valença é uma vila portuguesa da região Norte, na subregião do Minho-Lima.
Esta vila recebeu foral de D. Sancho I, sendo então designada de Contrasta. Mudou para o actual nome em 1262. É designada por vezes por Valença do Minho.
O brasão tem como Armas um escudo vermelho com um castelo de prata aberto e iluminado do campo, tendo a torre central carregada por uma quina das armas de Portugal. O castelo está acompanhado por dois cachos de uvas de cor púrpura, assentes em parras de ouro em chefe, de um crescente de prata e um sol de ouro. Em contra-chefe uma ponte de prata realçada de negro, aberta de três arcos e assente em quatro faixas ondadas, duas de azul e duas de prata. A coroa mural de prata tem quatro torres. Possui um listel branco com uma legenda a negro que contem a palavra " VALENÇA " (ver imagem).
A meia-lua de prata neste brasão, tanto pode representar a visão que S. João teve da Imaculada Conceição, como pode ser um sinal da vitória do cristianismo sobre o islamismo, cuja interpretação aparece a partir do século XVII. Essa Lua encontra-se em fase minguante, mas por vezes é chamada de crescente.
Observa-se no brasão de Valença, à direita, um sol antropomorfo com 16 raios. A representação antropomórfica do Sol remonta à Pré-História, onde este era considerado fonte da vida das plantas e animais.
Na grande civilização egípcia venerava-se o deus Rá (deus do Sol), ao qual se prestava o devido culto. Tal aconteceu também durante o Período Romano onde Deus Sol Invictus, era um título religioso dado a três divindades distintas durante o Império Romano tardio. O imperador Aureliano introduziu o culto oficial do Sol Invicto em 270 d.C., fazendo desse Deus Sol, a primeira divindade do império. O culto do Sol Invicto continuou a ser a base do paganismo oficial até ao triunfo da cristandade - antes da sua conversão.
Do culto ao Deus Sol, actualmente só permanece a data de 25 de Dezembro, que era o dia de adoração pelos romanos deste deus saído das cavernas, e cujo dia de celebração os cristãos aproveitaram para consagrar como sendo o dia do nascimento de Cristo por ele ter sido declarado "a luz do mundo".
Ainda no século XVI, o culto ao Sol é condenado em compromissos de confrarias, ou até por certos intelectuais, como Garcia de Resende (1470-1536), na sua Miscelânea. Ora, esta condenação do culto solar comprova, efectivamente, que a sua prática ocorria ainda no Portugal no século XV.
Na Idade Média, o Sol era ainda considerado deus, o dador da vida. O deus sol viajava pelo zodíaco (a roda dos animais), sendo também referido como “A luz do Mundo” ou o “Salvador da Humanidade”, ou seja atributos que passaram para Jesus Cristo.
Nas figuras seguintes apresentam-se duas representações medievais, que justificam possíveis interpretações do sol radiante antropomorfo presente no brasão de Valença.
Crê-se que esse Sol radiante antropomorfo possa representar a influência do Sol na Terra, na Natureza, na agricultura ou no homem. Também poderá significar o pai, a fonte de vida, tal qual sugere a ilustração medieval seguinte, ou ainda o protector da humanidade.
Sempre se entendeu que as mulheres e os homens têm necessidades diferentes. Na idade média criaram-se mistérios masculinos e femininos. Para a mulher a maternidade, a comunhão com a flora, entre outros. Para o homem, a caça, a guerra ou a comunhão com a fauna. A mulher regida pela Lua; o homem, pelo Sol. Porém, para recriar os ciclos da Natureza, o princípio feminino e masculino juntavam-se: diferentes, porém complementares.
Nas representações medievais do Sol, este aparece quase sempre como um sol radiante antropomorfo. A conjunção do sol e lua no brasão de Valença, também poderá querer significar equilíbrio, criação, fertilidade.