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2009-12-05

Ano Internacional da Astronomia - Dia 335 "Brasão do Norte Pequeno"

Félix Rodrigues

O Norte Pequeno é uma freguesia do concelho da Calheta, localizada na costa norte da ilha de São Jorge, com 11,59 km² de área e 261 habitantes.
O núcleo populacional original foi formado por pessoas oriundas da vila da Calheta que por volta de 1690 edificaram uma ermida, dedicada a São Lázaro, embrião da actual igreja paroquial, a Igreja de São Lázaro. A ermida foi em 1712 erigida em curato, sendo finalmente desligada da Matriz da Calheta no ano de 1748, passando a paróquia independente.
O brasão do Norte Pequeno é constituído por um escudo verde, uma rosa dos ventos de prata, guarnecida e com o norte de vermelho, entre duas liras de prata, em chefe e uma vaca leiteira passante, de prata, malhada e ungulada de negro. A coroa mural de prata tem três torres. Possui ainda um listel branco, contendo a legenda a negro: “ NORTE PEQUENO “.
Os quatro pontos cardeais desse brasão, são assinalados com flores-de-lis. É quase impossível precisar a origem deste símbolo. A imagem da flor-de-lis foi usada nas armas da França em 496. O seu desenho era colocado no manto dos reis na época anterior às Cruzadas, na indumentária de luxo dos reis, nos pavilhões, nas bandeiras e, ainda hoje, em vários brasões de municípios franceses.
Em 1125, a bandeira da França apresentava um campo semeado de flores-de-lis, o mesmo acontecendo com o seu brasão de armas até o reinado de Carlos V (1364), quando passaram a figurar apenas três flores-de-lis. Refere-se que esse rei teria adoptado oficialmente o símbolo como emblema para honrar a Santíssima Trindade.
Na heráldica, crê-se que a flor-de-lis tenha tido a sua origem na flor-de-lótus do Egipto, no entanto há quem defenda que foi inspirada na alabarda ou lírio - um ferro de três pontas que se fincava nas fossas ou covas para espetar quem ali caísse. Outra possível origem é a de que seja uma cópia do desenho estampado nas antigas moedas assírias e muçulmanas. A flor-de-lis é símbolo de poder e soberania, assim como de pureza de corpo e alma.
A determinação dos rumos ou das direcções dos ventos têm origem na antiguidade. Na Grécia Antiga começaram por associar aos ventos dois rumos, depois quatro, oito e finalmente doze rumos.
No início do século XVI, na época do Infante D. Henrique, surgem já 16 rumos (semelhante à representação do brasão do Norte Pequeno) e também já se usavam rosas-dos-ventos com 32 rumos. No início o rumo era associado exclusivamente à direcção do vento, só mais tarde é que se os associaram aos pontos cardeais.
A tradição de decorar o Norte com uma flor-de-lis tem origem nas armas da família Anjou que reinou em Nápoles.
Na cartografia antiga aparece sempre a figura da rosa-dos-ventos. Os portugueses apresentavam-na com desenhos lindíssimos e incluíam algumas inovações, que vieram tornar-se hábito em toda a Europa, como por exemplo a flor-de-lis, para indicar o norte, e a cruz de Cristo para indicar o Oriente (ver figura seguinte).

O destaque a vermelho, da flor-de-lis que indica o norte, no brasão do Norte Pequeno, bebe dessa antiga tradição.