Comunidade Portuguesa de Ambientalistas
Ring Owner: Poli Etileno Site: Os Ambientalistas
Anterior Lista Aleatório Junte-se a nós! Próximo

2009-12-05

Ano Internacional da Astronomia - Dia 334 "Brasão de Montemor-O-Novo"

Félix Rodrigues
O brasão da cidade de Montemor-O-Novo é constituído por um escudo de prata, com um monte de negro, rematado por um castelo azul, aberto e iluminado, encimado por uma romã verde, rachada a vermelho e rematada por uma cruz latina a negro. O castelo é acompanhado à direita de um crescente e à esquerda de um sol, ambos a vermelho; em contra chefe assente na base do monte, uma ponte de três arcos de prata, sobre uma ponta ondada de faixetas de azul e prata. Como coroa tem um mural de cinco torres de prata. O listel de prata tem uma legenda a negro identificativa da cidade de Montemor-O-Novo.

O crescente e o sol são dos símbolos mais utilizados pela humanidade, foram encontrados, por exemplo, em selos de Akkadian, na Mesopotâmia, desde 2300 a.C..
O crescente era frequentemente usado pelos fenícios no século VIII e pelos turcos no século XII, surgindo uma referência ao mesmo no próprio Corão, como o símbolo principal do Islão. Neste contexto, é difícil entender que numa sociedade católica, por vezes fundamentalista, como era a sociedade medieval portuguesa, que vilas e cidades portuguesas adoptassem símbolos com conotações religiosas islâmicas. De facto, o antigo brasão de Montemor-O-Novo, que se apresenta na imagem seguinte, não tem qualquer simbologia ou associação imediata ao islamismo ou cultura árabe.
Como é fácil perceber, o brasão actual de Montemor-O-Novo, surge na sequência publicação da lei nº142/85 de 18 de Novembro, onde o município entendeu adaptar e redesenhar o antigo brasão da cidade. O novo brasão incorpora alguns elementos do antigo, como o monte, a torre do castelo e a ponte, passando esta última dos dois arcos visíveis no antigo brasão para três arcos visíveis no novo. É no novo brasão que aparecem o Crescente e o Sol, alusivos à presença fenícia no Baixo Sado e não como conquista da cidade aos mouros ou influência mourisca na cidade.
As mais antigas referências de bandeiras com o crescente datam do século XIV, em cartas de navegação. Dos séculos XIII ao XVIII as bandeiras surgiam frequentemente com 3 crescentes, e em 1793, o número foi reduzido para um e uma estrela com 8 pontas. Depois do fim do império Otomano, a Turquia, o Estado com maior reconhecimento internacional, ajudou a projectar, entre o mundo muçulmano, o crescente acompanhado por uma estrela.
Durante os séculos XIX e XX, foram vários os países que adoptaram o crescente e a estrela, nomeadamente países árabes do Norte de África e do Médio Oriente, como por exemplo a Tunísia, Líbia e Argélia.
A designação de crescente, para uma Lua em forma de C, só poderá ter influência de outras línguas, pois essa forma da Lua representa-a em Quarto-Minguante. Noutras línguas como o inglês, à Lua em forma de C (quarto minguante) chama-se “Waning Crescent” onde waning tem o significado de decrescimento e “crescent” tem o mesmo significado que se atribui em português. Parece haver contradição na língua inglesa pois “Waning crescent”, traduzido à letra ou mesmo em significado, seria decrescimento do crescente, todavia as duas palavras não se podem separar para identificar a fase correcta da Lua, como por exemplo em português Terra-Chã ou pôr-do-sol. Em francês, o termo para o “quarto crescente” é “Dernier croissant” que traduzido à letra seria “Último crescente”, apesar de a lua estar a decrescer, mas o termo “crescente” também está presente.
Por outro lado, a forma da Lua, em C ou em D, apesar de ser diferente no hemisfério Norte e no hemisfério sul, correspondem a fase distintas.
As fases lunares acontecem de igual modo para todos os lugares da Terra, o que quer dizer que quando é Lua Cheia num local, será Lua Cheia para todos os locais da Terra, nesse mesmo instante, o mesmo se passa com a Lua Nova, todavia o que muda, é a imagem da Lua vista por um observador colocado no hemisfério Norte ou no hemisfério Sul das fases “Quarto Crescente” ou “Quarto Minguante”. No hemisfério Norte a imagem da Lua está invertida em relação à imagem da Lua obtida por um observador no hemisfério Sul.
No Hemisfério Norte quando a Lua está na fase crescente, vemo-la com a forma da letra “D” enquanto que um observador no Hemisfério Sul a vê com a forma da letra "C". O mesmo se passa com a imagem da Lua obtida por observadores em hemisférios diferentes, na fase minguante da Lua.
Na figura seguinte, apresentam-se as imagens da lua obtidas por observadores colocados em hemisférios diferentes em cada uma das suas fases.
Na linha do equador a forma das fases da Lua, minguante ou crescente é distinta do hemisfério Norte ou hemisfério Sul. Na imagem seguinte apresentam-se as fases da Lua vistas por um observador colocado na linha do Equador.
Na linha do equador o Quarto Minguante tem a forma de um U enquanto que o Quarto Crescente tem a forma de um “U invertido”.
Não é a relatividade das formas do Quarto Minguante observadas por indivíduos distintos nos dois hemisférios que são responsáveis pela atribuição do termo crescente ao símbolo do “crescente árabe”, pois a maioria dos países árabes que o utilizam situam-se no hemisfério Norte, como tal vêem a Lua em “Quarto crescente” com a mesma forma que os portugueses. Também não é expectável que seja uma influência dos observadores do hemisfério Sul, porque as grandes civilizações humanas, mais uma vez, se situavam no hemisfério Norte.