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2009-12-04

Ano Internacional da Astronomia - Dia 333 "Brasão de Arganil"

Félix Rodrigues

Arganil é uma vila portuguesa no Distrito de Coimbra, região Centro e subregião do Pinhal Interior Norte, com cerca de 4 000 habitantes.
Por doação de D. Teresa, no início do século XII, o senhorio da vila de Arganil pertencia à mitra de Coimbra, e o bispo D. Gonçalo, em 25 de Dezembro de 1114, concedeu-lhe foral.
Até ao reinado de D. Afonso V, o direito de propriedade manteve-se nas mãos de particulares que, por troca, conseguiu integrar de novo Arganil na posse do reino, dividindo-a e reservando para si a parte que abrangia Pombeiro da Beira. Depois de outros acontecimentos, o rei D. Manuel I, no seguimento da reforma dos forais, concedeu em 8 de Junho de 1514 nova “carta” à vila.
O brasão da Vila de Arganil tem um escudo de prata com um pinheiro a verde realçado de negro, saínte de um terrado de verde também realçado de negro, acompanhado por dois crescentes de vermelho. A coroa mural de prata tem quatro torres e o listel branco, contem os dizeres " VILA DE ARGANIL ", a negro.


Também se encontram dois crescentes de vermelho, em forma de U, nos brasões de Alverca do Ribatejo e Vila de Borba. Os dois crescentes presentes no brasão da Cidade de Queluz tem a forma de C.
Os crescentes, que os mouros usavam, servem para indicar a civilização que anterior à actual a Vila de Arganil possuía, e o vermelho dos crescentes, representa a acção guerreira que aí ocorreu em tempos remotos até à posse, tomada em combate. O vermelho em heráldica significa vitórias, ardis e guerras.
Embora não faltem documentos referentes a Arganil e outras localidades do seu actual concelho, parece que só após a tomada de Seia, Viseu, Lamego e Coimbra, é que essa região se libertou definitivamente do jugo infiel. É possível que nem luta tivesse havido nessa época. Arganil, metida entre Seia, Viseu e Coimbra, que haviam sido tomadas pelos cristãos, e defendida dos muçulmanos da Beira Baixa, pela barreira física da Serra da Estrela, tinha uma defesa que fora confiada a uma pequena guarnição militar, dado o facto da maioria dos seus habitantes serem moçárabes.
Em 1111, há nessa região nova investida dos Sarracenos que os levou à conquista de Santarém, Lisboa e Sintra. “Para lhes obstar a conquista de Coimbra - diz o historiador padre Gonzaga de Azevedo - dera o conde D. Henrique, no mesmo ano, foral a Soure; nesse, ou nalgum dos imediatos. Miranda da Beira, pelo lado de Leste, e Santa Eulália, a Poente, sobre o Mondego, receberam presídios e foram repovoadas. Este sistema defensivo, constituído por três fortes castelos, que cobriam e desafogavam a cidade (de Coimbra) dos primeiros assaltos, era completado por outros redutos, levantados na direcção Nordeste-Sudoeste, e apoiados nos contrafortes da Serra da Estrela - Coja, Arganil e Seia - formando todos como que uma nova fronteira contra os inimigos do Sul”. Nesse contexto, os crescentes vermelhos do brasão de Arganil traduzem essa história de lutas contra os árabes, sem qualquer significado astronómico, no entanto poderá ter algum sentido astrológico ou místico como por exemplo na doutrina mística judaica (Qabalah - Cabala), todavia crê-se que esse tipo de simbolismo está totalmente ausente do brasão da Vila de Arganil.
No ocultismo antigo, afirmava-se que “nada existe sem um propósito”; argumentando-se hoje em dia que deve haver um Plano Superior para a criação e evolução do Universo, que abrange as galáxias e os sistemas solares, os sóis e os planetas, os átomos e as plantas, os animais e toda a humanidade.
No simbolismo da Cabala, por vezes, aparecem representadas duas luas e dois sóis, como a figura medieval seguinte, onde um homem e uma mulher seguram sobre os seus ombros um globo. O do homem contem o sol nascente e o sol poente e o da mulher, duas luas o nascente e o ocaso deste astro.
Apesar de ser nítida a associação do homem ao sol e da lua à mulher, como era típico na Idade Média, essa representação traduz também ensinamentos da natureza, como o nascimento e o ocaso dos astros do firmamento.


Desde sempre que os humanos se sentiram “envoltos por forças misteriosas” que os sujeitavam a riscos e perigos. Assim, tiveram necessidade de recorrer ao sobrenatural para se protegerem desses inimigos e das manifestações maléficas do cosmos. Foi na procura de objectos e imagens que o defendessem que este criou símbolos para poder entrar em sintonia com os seres divinos de forma a ter alguma protecção.