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2009-11-19

An Internacional da Astronomia - Dia 324 "Brasão da Vila de Mourão"

Félix Rodrigues

Desconhecem-se as origens históricas da primitiva vila de Mourão, apenas se sabe que se situava junto do Guadiana, local onde ainda há uma dezena de anos se encontravam algumas paredes. As razões do abandono da Vila Velha e da sua fixação, onde se situa actualmente Mourão, estão bastantes intrincadas pelas lendas.
O primeiro brasão de armas da vila de Mourão ficou lavrado na própria pedra que comemora o começo das obras da construção do seu castelo, no ano de 1343, no reinado de D. Afonso IV, que ainda hoje se pode ver. Tem as armas de Portugal, cinco escudetes apontados ao centro com cercaduras de 12 castelos, ostentando no interior em ponta, um sol à direita e um crescente à esquerda.
No decorrer dos tempos as primitivas armas de Mourão perderam a cercadura de castelos das armas de Portugal, ficando as restantes peças heráldicas com a seguinte constituição, metais esmaltes e cores: em campo azul cinco escudos de prata com as quinas postas em cruz apontadas ao centro, tendo o escudo inferior a seu lado direito um sol radiante antropomorfo de ouro e ao esquerdo um crescente (apesar da Lua se situar em quarto minguante) antropomorfo de prata, (ver imagem seguinte).


O crescente lembra a conquista aos Árabes e o sol a entrada na Cristandade. Essas foram as armas de Mourão na Monarquia Portuguesa, durante quase sete séculos.
O actual brasão (Camarário) de Mourão tem um escudo azul, com um castelo em ouro, lavrado, aberto e iluminado de negro; em chefe um escudete de prata com as quinas de Portugal, entre um sol de ouro e um crescente prata.
Assim Mourão tem dois Brasões: o Histórico que se pode ver impresso em muitos dicionários e enciclopédias; e o camarário que se encontra no seu estandarte actual. Na figura seguinte apresenta-se o brasão actual de Mourão.
Na idade média criaram-se mistérios masculinos e femininos. Para a mulher a maternidade, a comunhão com a flora, entre outros. Para o homem, a caça, a guerra ou a comunhão com a fauna. A mulher regida pela Lua; o homem, pelo Sol. Porém, para recriar os ciclos da Natureza, o princípio feminino e masculino juntavam-se: diferentes, porém complementares como se ilustra na imagem seguinte.

O sol e lua, eram vistos como dois astros completamente diferentes, já que um se via durante o dia e o outro quase exclusivamente de noite. Na maioria dos desenhos alquímicos estes dois astros, com representações antropomórficas fazem alusão aos opostos.
O Sol e a Lua também simbolizam o homem e a mulher: opostos tanto em termos psicológicos como morfológicos , apesar de gravitarem em concordância.
No livro medieval “A glória do mundo” de Roberto Valensis, afirma-se que o sol e a lua devem copular como um homem e uma mulher, pois de outro modo não poderiam conseguir resultados na alquimia.
Na heráldica, a presença do Sol e da Lua também indica força e poder permanentes, de dia e noite e para todo o sempre.
O Sol e a Lua estão presentes em muitos brasões de cidades portuguesas bem como em muitas cidades fundadas pelos portugueses.