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2009-11-07

Ano Internacional da Astronomia - Dia 312 "Construção de uma balestilha"

Félix Rodrigues

As primeiras descrições da utilização da balestilha surgem em documentos do século XVI, mais concretamente no Livro de Marinharia, de João de Lisboa (1514).
Em 1529, o navio de pesca de João Gomes foi assaltado ao largo da costa da Guiné, por corsários franceses. Entre as coisas levadas pelos assaltantes encontravam-se «agulha e astrolábio e balestilha e regimento para a arte de navegar».
Alguns historiadores defendem a sua origem na modificação do báculo de Jacob, instrumento medieval utilizado em agrimensura. Outros, defendem ser de concepção portuguesa.
Este instrumento é extremamente simples e é constituído por uma vara de madeira de secção quadrada – quatro escalas – denominada virote, com cerca de 80 centímetros de comprimento. Ao longo desta corre uma pequena peça de madeira – de dimensões diferentes para cada uma das escalas – chamada soalha. Em cada uma das arestas do virote encontra-se uma escala de acordo com as dimensões da soalha a utilizar. Numa observação nocturna o observador olha pelo orifício, na extremidade do virote, de forma a ver a estrela tangente à aresta superior da soalha e o horizonte tangente à aresta inferior (ver imagem seguinte).


Porque o Sol não pode ser visado directamente, quando se pretendia medir a sua altura, a observação era feita de revés, isto é, de costas para o astro. Neste caso, a sombra da aresta superior deveria ser projectada no meio da soalha deslizante e, simultaneamente, fazer esta coincidir com a linha do horizonte (ver imagem seguinte).


A balestilha foi o primeiro instrumento de navegação astronómica a ter como referência o horizonte de mar.
A construção de uma balestilha é simples, ilustrando-a um pouco melhor na imagem seguinte.

Se o virote tiver 80 cm, a soalha deverá ter 42,8 cm, 21,4 cm para cada lado, a contar do seu centro. A escala do virote pode ter uma escala graduada linear, mas os valores de afastamentos angulares entre corpos celestes que nos fornece não é proporcional. A escala a usar é tanto mais precisa quanto maior for o número de pontos.
Na figura seguinte, apresenta-se, em esquema, como a partir das distâncias, desde a posição do olho até ao ponto onde está a soalha, se pode medir o afastamento angular entre dois corpos celestes.

Se utilizarmos uma escala graduada em cm, no virote, a correspondência ângulo em graus e o comprimento em cm, é dada a partir da tabela seguinte.