Agricultura portuguesa refém da falta de estratégia
A situação de crise em que vive a agricultura portuguesa, começou muito antes da crise global” e, por exemplo, comparativamente à Grécia, com condições edafoclimatológicas piores do que Portugal, produzimos, em termos agrícolas, menos de um terço do que esse país produz.
Hoje temos agricultores, mas não temos empresários; estamos na PAC (Política Agrícola Comum), mas não temos estratégia; temos produção, mas não temos tecnologia; temos engenheiros agrícolas no desemprego e não fazemos extensão rural.
Mas o mais grave é o facto de Portugal não estar a convergir na Europa, em termos de auto-sustentabilidade alimentar uma vez que a balança comercial agrícola de Portugal é extremamente deficitária.
Assim sendo, a agricultura é um desastre em Portugal. É preciso que, de uma vez por todas, alguém enfrente com garra os problemas da agricultura portuguesa, porque precisamos ter um rumo nessa área governativa.
No fundo, os subsídios não tem servido para modernizar a agricultura mas sim para que os agricultores empobrecerem alegremente no nosso País. Sem política agrícola nacional estamos a hipotecar o futuro, ou seja, estamos a ficar sem possibilidade de, face a uma eventual crise alimentar global, podermos nos auto-sustentar e isto é perigoso.
É preciso mudar e é preciso defender a agricultura portuguesa e a agricultura açoriana na Assembleia da República. Não há discursos na Assembleia da República sobre a agricultura açoriana. Temos que ter indústria, porque não podemos ter os nossos técnicos alimentares no desemprego ou a fazer segurança nos aeroportos. Os doutores que estão desempregados, nesta área, em Portugal, servem para fazer evoluir o País na área da agricultura, porque precisamos de indústrias transformadores.
Exemplo da banana
O caso da banana é um bom exemplo da falta de estratégia agrícola. Temos, nos Açores, produção suficiente para mandar para o País, no entanto, importamos a banana da Colômbia.
Isto quer dizer que o facto de não se associarem as extrenalidades ambientais de emissões de gases de estufa indica que estamos mais preocupados com a pobreza nos outros países do que com a pobreza do nosso próprio País.
A nossa banana tem imensas potencialidades. Entra na composição dos cereais que toda a gente come; entra na composição das papas que se dá aos bebés; tem um aroma único; tem um sabor único. Não se percebe porque é que a banana dos Açores, e muitos dos nossos produtos, como o ananás, a laranja, entre outros, não têm mais valia comercial no mercado continental português”.
Economicamente inviável em termos estratégicos
O mercado do leite tem paradigmas: Não faz sentido que, num mercado aberto, saia, todas as semanas, um barco carregado de caixas de leite dos Açores para o Continente e, na mesma semana, saia um barco carregado de caixas de leite do Continente para os Açores. Isto não funciona em termos económicos. Mais valia trocar as marcas. Produzíamos as marcas que as pessoas consumem aqui e enviávamos aquilo que é necessário para o Continente.
De facto o Continente pode enviar o seu leite para a Europa. A nós compete-nos enviar o nosso leite para o Continente. É a isso que chamo de coesão nacional.
Precisamos ter uma política adequada de transportes para escoarmos os nossos produtos agrícolas. Precisamos demitir urgentemente aqueles que nada fezem pela agricultura do país, senão hipotecar o nosso futuro. Precisamos de gente que, efectivamente, fale de agricultura no Parlamento Nacional.
1 Comments:
isso do leite tem a ver com hipermercados... E com variedade de produtos.
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