Ano Internacional da Astronomia - Dia 23
Escorrências de lava em Vénus.
Ilustração de E. De Jong e colaboradores.
Os vulcões e as formações vulcânicas são muito numerosas em Vénus. Pelo menos 85% da superfície de Vénus está coberta por rochas vulcânicas. Gigantescas correntes de lava, que se estendem por centenas de quilómetros, inundaram as zonas de baixo relevo criando vastas planícies. Mais de 100 000 pequenos vulcões preenchem a superfície juntamente com centenas de grandes vulcões. As correntes de lava abriram longos e sinuosos canais que se prolongam por centenas de quilómetros, tendo um desses canais 7 000 quilómetros, aproximadamente.
Encontram-se também grandes grandes edifícios vulcânicos, como o Monte Sif, semelhantes aos edifícios vulcânicos dos Açores e Havai, na Terra, ou o monte Olimpo e os montes Tharsis, em Marte, associados a vulcanismo basáltico. Encontram-se também os interessantes "vulcões-panqueca", algumas vezes com alinhamentos que aparentam ter resultado da expulsão de lavas viscosas, o que indica serem de composição intermédia ou ácida. Este tipo de vulcanismo muito diferenciado associa-se na Terra aos limites de convergência de placas tectónicas. Pode-se inferir assim que Vénus já deve ter tido uma tectónica activa. Os dados mais recentes indicam que pode haver ainda vulcanismo activo em Vénus.
Um estudo realizado por investigadores do Departamento de Biologia e Geologia da Universidade Rei Juan Carlos, em colaboração com o Departamento de Ciências Geológicas da Universidade de Minnesota-Duluth, num projecto patrocinado pela NASA, afirma que o fenómeno de relaxação horizontal (volcanic spreading) -até agora só descrito na Terra e em Marte- também pode estar associado aos vulcões de Vénus. Esse fenómeno é de grande importância para o estudo da evolução de um edifício vulcânico, já que controla a sua evolução estrutural e pode chegar a desencadear o seu colapso ou a sua destruição. Tal mecanismo poderia explicar também a razão pela qual 80% dos domos vulcânicos de pequena e média dimensão (cerca de 20 quilómetros) desse planeta apresentam evidências de terem sofrido processos de colapso em determinado período da sua evolução. Na Terra este fenómeno está relacionado com o processo de colapso das paredes das caldeiras dos vulcões, sendo o seu estudo de grande importância para a avaliação do risco vulcânico.
Etiquetas: domos, panquecas, Vénus, vulcanismo
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