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2007-08-12

O Triângulo


Três torcazes cruzavam a cumeada do morro,
Num suave zê, que com os olhos percorro.
Três ilhas cintilam entre as batidas das asas,
Do coração sai o verde, também saem casas.
Pareciam tocar-se, pareciam sentir-se,
Pareciam beijar-se, pareciam sorrir-se.
Três enormes vulcões como pano de fundo,
Mas apenas um deles fura o tecto do mundo.
Três álamos agitam-se ao entardecer,
com brilhos de prata p'ra do Sol desdizer.
Três azorinas caíam da rocha insegura,
Três cagarros cantavam pela noite escura.
Três vezes neguei, o mar envolvente,
Pela nesga de terra estar bem presente.
Três vezes olhei, p'ró céu devagar,
Com medo ou receio de o não enxergar.
Viam-se nuvens passar em grupos de três,
Era Verão, isso lembro-me, não sei qual o mês.
Ver cabeços no pico e brumas no faial,
O dragão do triângulo é a varanda ideal.
Nem tão pouco os gregos, pais da geometria,
Fizeram triângulos com tanta mestria.
Félix Rodrigues
Foto de Paulo Rafa

Qual é a forma perdilecta da terra?

6 Comments:

At 02:23, Blogger Aprendiz de Viajante said...

O triângulo, como forma geométrica que se associa ao número três, é sem dúvida uma forma muito especialé. O três é um número carregado de simbolismo. Mas a forma redonda da terra é igualmente simbólica, pois revela-nos que esta não conhece o seu principio, nem o seu fim, pelo menos espacialmente, ligando-se assim à ideia de infinito, eternidade...


Um abraço de S. Miguel para a TERCEIRA ilha ser descoberta!

 
At 09:20, Blogger Woodworm said...

As formas que a terra assume… subordinam-se ao tipo de observador…

Acho que existe uma predominância da forma não definida… não estivessem os elementos da natureza a “trabalhar” para uma alteração constante das formas que conhecemos…

A beleza está na forma como observamos e não no que observamos…

Abraços de uma das terras mais irregulares… (que conheço…)

Bruno

 
At 11:41, Anonymous Anónimo said...

"Três vezes neguei, o mar envolvente,
Pela nesga de terra estar bem presente.
Três vezes olhei, p'ró céu devagar,
Com medo ou receio de o não enxergar.
Viam-se nuvens passar em grupos de três", vezes li, três vezes reli
Era inverno, isso lembrou-me o chao cravado.

Ma-ra-vi-lho-so Felix


Beijos


Ana

 
At 17:55, Blogger Chellot said...

Creio que a forma predileta é a forma livre, pois vemos triângulos, montes curvilíneos, rochas pontiagudas e algumas formas indefinidas.

Beijos de bumba.

 
At 23:46, Blogger Carlos Faria said...

Continuo a admirar os teus poemas, são mesmo bons e tens uma genialidade que só reconheço em nomes "oficialmente" já considerados como do melhor que por cá existe ou houve. Mas perdoa-me a franqueza, este Triângulo no Verão transmite-me sentimentos tais que não há artes que o consigam sintetizar, talvez os defeito seja meu e provalmente é mesmo o preconceito que não há nada como o Triângulo... mesmo nada.

 
At 10:53, Blogger Berta Helena said...

Gostei muito. Do poema e do triângulo. E gosto muito das Ilhas. Sempre que possa aí estou, especialmente no Pico. Ainda há pouco regressei.
Parabéns.
Conto voltar ao teu blog e à tua terra. também eu sou de uma Ilha.
Abraço
Berta Helena

 

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