A origem do Carnaval ou Entrudo Terceirense perde-se nos tempos. É uma tradição popular que passa de geração em geração onde se alia o divertimento, ao teatro, à rima, à dança, à música e à crítica política e social. Juntar tudo isso numa manifestação popular parece difícil, mas creio serem estes os ingredientes que o tornam único no mundo.
Cada freguesia da ilha organiza um ou mais grupos a que chamam dança ou bailinho, compondo a sua própria música (letra e arranjos), ensaiam uma coreografia, ensaiam a intrepretação da comédia, criam as suas próprias roupas e deambulam nos dias, especialmente noites de carnaval, pelas diversas comunidades da Terceira.
Existem várias categorias de danças e bailinhos: As danças de espada, as danças de pandeiro, as danças de varinha e os bailinhos que podem ter tanto a vara como a pandeiro, masculinos, femininos ou mistos.
Foto do Diário Insular
Deixa-se aqui um pouco do que poderia ser um bailinho de Carnaval Terceirense, que nem sempre rima, mas sempre encosta:
.Bailinho dos Biscoitos
Amigos que aqui entrais,
A todos vós, vos saúdo,
Como em todos os carnavais.
Desde os grados aos miúdos.
.. Dança de emigrantes açorianos residentes nos Estados Unidos da América
Este é um Carnaval rimado,
Popular e exigente,
Remonta a Gil Vicente,
Que aqui foi conservado.
.São três dias a criticar,
As aneiras dos políticos.
Três dias sempre a asneirar,
Sem critérios científicos.
Bailinho dos Biscoitos
Dizem que Lula é peixe,
Lula não é peixe, não.
O peixe é apanhado,
O Lula escorrega-nos da mão.
.
.Dizem que Sócrates é filósofo,
O Sócrates não é filósofo, não.
Um diz que nada sabe,
O outro é um sabichão.
Dizem que César é de Roma,
César não é de Roma, não.
O primeiro foi imperador,
O outro só tem aspiração.
Criticam-se os comportamentos,
Da sociedade local,
Que em todos os momentos,
São iguais aos da global.
O Mundo está a aquecer,
De forma descontrolada,
A culpa é da minha mulher,
Que por isso não faz nada.
Liga sempre o aspirador,
Quando estou a dormir,
Por isso não sou poluidor,
É ela que está a poluir.
.
Fui ao mar pescar cretinos,
Muito difíceis de apanhar,
Pesquei mais de mil pepinos,
Que não sei como cozinhar.
Chamaram-me usurpador,
Da tal biodiversidade.
Já não existe liberdade,
P'ra fazer seja o que for.
.Desmatei a minha mata,
Sem pedir nenhum conselho,
Ninguém mete o bedelho,
Quando da minha vida se trata.
Recebi uns dinheiritos,
Para a manter intacta,
Mas não tinha requisitos,
Para que perdesse a minha "lata".
Disfarcei-me de avestruz,
Para enterrar a cabeça na areia,
Por isso nunca supus,
Que fosse uma grande asneira.
Não vi o mar a subir,
Nem o ar a escassear,
Nem tão pouco pude sentir,
O urso polar a agonizar.
Por agora me despeço,
Até ao próximo Carnaval,
Quando se diz o que se pensa,
Ninguém nos leva a mal.
Também aqui vos confesso,
Que as críticas que não dirias,
É algo que acontece,
Nesta ilha todos os dias.
Selo dos CTT (Correios, Telégrafos e Telefones)
Félix Rodrigues
Como é o teu Carnaval?
O Carnaval na Idade Média: Discursos, Imagens, Realidades - Le Carnaval au Moyen Âge: Discours, Images, Réalités Colóquio Internacional - Colloque International. Angra do Heroísmo, Praia da Vitória 19 - 22 Fevereiro de 2007 - 19 - 22 Février 2007 .
23 Comments:
Uma eterna meditação....
de alegria...
Gostei de Conhecer o Carnaval de vocês....
Bom Carnaval....
Meu carnaval sempre foi um excelente motivo para eu me retirar do convívio da população...
Gosto não!!!
Mas adoro uma bateria de escola de samba e para escutar a harmoniosíssima batucada composta por muitos e muitos instrumentistas da alegria da maior festa do nosso verão - 2 mil, 3 mil, 4 mil pessoas - numa sincronia de fazer ferver o sangue dos mais duros e frios sentimentos humanos... Ah Querido Félix, pra isso não precisa ser feriado não!!! Basta viver no Brasil, subir o morro e ir logo para a sede de alguma escola e para os ensaios de barracao!!!
Felix Carnaval!!!
Sendo tu ou não um folião!!!
Beijinhos querido MIM!!
Cris
Olá Félix!
Este ano o meu Carnaval é bem diferente dos anteriores. Nos últimos 11 anos fui palhaço, chinesa, fada, bruxa, camponesa e tantas outras coisas. Brinquei, dancei, desfilei... este ano não. E porquê?! Simplesmente porque este é o primeiro ano em que não estou no Jardim-de-infância. Fica a saudade de brincar com as crianças...
Beijinho
:)
O meu carnaval vai ser passado a cuidar do jardim real, que como o virtual tem ficado abandonado!
(Provavelmente não vou tempo de ir ao simpósio, mas parece ser bastante interessante)
Bom carnaval!
Carnaval interessante sim.
abraço.
Olá Desambientado
Depois de algum tempo sem poder visitar-vos, aqui estou de novo, assim espero. Obrigada pela visita ao meu espaço durante este longo tempo.
Agora que retorno (assim penso)gostei muito deste post sobre o carnaval. O poema? Delicioso e oportuno! Bem Haja!
Um abraço.
Vejo uma grande pureza neste carnaval meu amigo! Coisa inexistente aqui no Brasil, o que lamento profundamente.
Para mim são dias normais. Não participo das barbaridades que acontecem por aqui.
Estou visitando o teu espaço e gostei bastante.
abraços
Mais um post a retratar de forma soberba a riqueza dos nossos usos e custumes...
Um palhaço que não ri
A mentira escondida
Uma boneca de trapos
Numa viela perdida
Algures no firmamento
Existe uma alva estrela
Que te dá a luz da vida
Que te cobre de beleza
Alegre carnaval
Forte abraço
De encontrões vive também o Carnaval de Cabanas de Viriato,
onde a «dança dos cus» mantém viva
uma tradição nascida em 1865.
E, uma foto da minha Catarina, vestida de palhacito.
Convido-te para espreitares a minha «palhacita»!
A avó comprou os vários tecidos a metro e foi confeccionado a olho, para no dia, ser uma surpresa para a neta, que adorou...
BOM CARNAVAL.
Gostei de saber os hábitos e costumes das gentes da Ilha Terceira.
Um boa semana e com muitas coisas boas!!!
Beijo,
Cris
Félix o meu carnaval é muito calmo, aqui a tradição é pouca e assenta na batalha das limas, mais sacos de plástico, na avenida durante a tarde de terça feira, uma tradição que não tendo nada contra ela, não gosto muito de me envolver. O teu deve ter sido animado pelos vistos.
Uma boa semana para todos. Beijos.
Muito interessante o teu Blogue.~
Obrigado pelas informações que deste aqui sobre as características do vosso carnaval.
Um abraço desde o Continente.
Esse Carnaval, foi o carnaval da minha infância. (vivi na Terceira até aos dez anos). Recordo com saudade.
o meu é "outro carnaval"
o de trazer para fora o que quer sair.
beijinho
feliz fim-de-semana
há tradições que têm essa capacidade de movimentar as pessoas, de as fazer saltar com energia e em unissono.. de as fazer dançar e sorrir esqueçendo tudo o resto..
o carnaval é uma delas..
Ai o Carnaval... que saudades tenho do carnaval da minha terra... tanta alegria, tanta diversao... por aqui tudo igual, como um dia normal, como outro qualquer...
Beijos, flores e muitos sorrisos... sempre!
Já se acabou o carnaval. Como boa terceirense, vi muitos bailinhos e dei muitas gargalhadas....
Bom fim de semana
Como são interessantes as terras que mantêm tradições como essas aí.
Parabéns a esse povo, que ainda se sabe divertir.
Bom fim-de-semana.
Abraço.
Passei para te deixar um forte abraço de particular amizade...
E tu Felix, foste ver bailinhos? Para a vila de S. Sebastião?
Tenho pena que as marchinhas de carnaval que eu adoro, se ouvem cada vez menos.
E por falar em Carnaval, tira essa abelhinha deste blog, que me dá uma irritação.
epa mostrem mais do nosso carnaval
Parabéns Félix! Gostei de ler e sobretudo do ver o impacto que causou em algumas pessoas!
A...continuar, sim senhor!
Ana Mendes
Gostei de Conhecer o vosso Carnaval
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